PAZ
Como os demais conceitos abstratos, não é simples definir o que venha a ser paz.
Ela pode ser definida como a tranquilidade do claustro ou dos espaços abertos, pode estar na grandiosidade do infinito, no vai e vem das ondas, na solidão individual ou na convivência harmônica entre grupos familiares ou sociais e também no respeito recíproco entre diferentes, como salientou o estadista mexicano D. Benito Juarez* ou a frase atribuída ao ditador romano Julio Cesar, “si vis pacem para bellum”...
Na História, o período de 27 a.C até 180 d.C. houve a “Pax Romana”, apogeu do império, sendo Roma a única autoridade a quem os dominados obedeciam sem contestação: “Roma locuta causa finita”. (Isso nos faz lembrar de um certo ministro brasileiro...)
Entretanto a paz, apesar de ser desejo comum de todos, não é inata ao ser humano porque somos fruto da evolução natural que nos definiu como coletores e caçadores eventuais de tal forma que, na maioria das vezes, confundimos desejo com direito.
Sem o controle familiar ou social, estatal ou não, a pessoa ao desejar algo que não lhe pertence, se dá o direito de, a qualquer custo, satisfazer esse desejo.
Daí as subtrações furtivas, o roubo declarado com violência, as invasões e saques promovidos por multidões, as guerras onde se morre e se mata para satisfazer o desejo de possuir...
Como animais sociais que somos, existem líderes e liderados, definição dos papéis inerentes a cada classe, o desejo de ocupar cargos de proeminência e o conflito entre ser obediente ou rebelde.
Obediência às normas é fator fundamental nas organizações militares e religiosas e, em qualquer sociedade, a submissão irrestrita às leis deve ser universal.
Sempre houve e sempre haverá disputa pela liderança dos grupos, e isso se vê com unhas e dentes, entre as criancinhas ou com palavras, gestos e até bengaladas entre velhos beirando a senilidade, porque ninguém nasce pacifista.
As guerras, geralmente condenadas por todos, desde sempre fazem parte da nossa maneira de ser.
Melhor exemplo disso está registrado nos escritos dos primórdios da colonização brasileira sobre o comportamento belicoso e das incursões sobre outras tribos dos nossos índios que, naquela época, suas técnicas e cultura estavam situadas entre o Paleolítico (idade da pedra lascada) e o Neolítico (idade da pedra polida).
Hoje a maioria das tribos brasileiras, apesar de desvalidas por conta de leis obtusas e tenebrosos interesses de criminosos nacionais e estrangeiros, já usa celulares, internet, veículos 4x4, aviões, mas ainda há populações isoladas que permanecem tal como viviam as tribos descritas no século XVI.
Desde os mais antigos registros até os dias atuais, a História dos povos nos seis Continentes está repleta de exemplos de dominações, morticínios, alianças, acordos não cumpridos e que, apesar dos avanços da tecnologia e dos muitos “quilos” de palavras gastas inutilmente em incontáveis horas de reuniões de conciliação, o nosso comportamento permanece igual ao dos primeiros hominídeos das savanas africanas.
Pelo controle social ou religioso, por incapacidade, medo, covardia, alienação ou idealismo podemos nos tornar, mas repito, ninguém nasce pacifista.
E enquanto o ser humano for humano, a paz continuará sendo apenas sonho.
CITAÇÃO
- El respeto al derecho ajeno es la paz* (o respeito ao direito estrangeiro é a paz)
- Pax romana = a paz de Roma
- Roma locuta causa finita = em tradução livre; “Roma decidiu, caso encerrado” ou “Não se contesta a decisão de Roma”.
- Si vis pacem para bellum = se queres a paz, prepara a guerra