Mini crônica: Poesia de bolsa
Alguns pensariam “não seria de bolso?” Não, é de bolsa mesmo,
pois as mulheres estão retomando seus lugares, que a milhares de anos
deixaram, dominadas pela força bruta masculina, que só fez embrutecer
nossas vidas.
Talvez esteja na hora do Matriarcado voltar, deixar a força feminina
transformar esse mundo de guerras, fome, egoísmo, em um outro mais acolhedor,
de mais sensibilidade, mais amor.
E a poesia não pode faltar; ela que é feminina por definição da palavra
e no seu ato de criação que lavra a alma recriando-a mais humana.
E meu sonho é ter meus poemas nas bolsas mais humildes, dessas mulheres que não
têm tempo para sonhar, nem mesmo de respirar mais profundamente.
Quem dera ter alguns poemas na bolsa da Joana, que tem uma banca na feira;
da Maria, que faz faxina ; da Irene Manicure; da Margarida professora primária;
da Heloísa, prostituta que enfeita a solidão de muitos.