Portas abertas
A casa amarelo-rosa-velho da esquina lembra-me outro tempo. Tempo esse, que Carlinhos vinha correndo a bater no portão quando visitas chegavam. Batia, ignorante que era, aos seus quatro aninhos, sem saber que as portas viviam abertas, a casa era de todos nós, nós da rua, nós do peito, e de todo o resto.
Os anos foram passando e o menino cresceu emotivo e purgante, choroso o semblante de Carlinhos, todas viscosas as más impressões de si.
Tem tanta culpa de quê, Carlinhos? Não foram suas mãos que quebraram o portão, ele até tinha cadeado, papai e mamãe que o deixavam aberto, e tudo era, e sempre será, confiança e diversão...