À noite, assistindo TV, vem aquela sonolência gostosa e me deixo envolver por ela; meia hora depois - que parece apenas 2 segundos - acordo de repente me sentindo frustrada por ter perdido a parte mais importante da série ou do filme que estava assistindo.
Fico perguntando para o Roque o que aconteceu, quem morreu, quem se salvou (e ele fica bravo comigo).
Aí vou para a cama pensando que vou ter a melhor noite de sono da minha vida! Luz apagada e o brilho da lua entra pela persiana iluminando o quarto. Meus olhos abertos se fixam no teto e, então, me chegam os pensamentos. Começo a me lembrar de algo do meu dia, do que tenho que fazer amanhã - coisas tão sem importância! - e, às vezes, uma “viagenzinha na maionese” criando preocupações que não existem.
Fico tentando buscar uma luz para iluminar a escuridão, o fim do túnel, sem mesmo ter chegado ao ao fim deste; ou, tento ouvir um som para quebrar o silêncio. Daí para frente é um diálogo mudo com o meu travesseiro.
Lembro de alguém querido, tentando reviver algum momento, de uma história antiga tentando sentir alguma emoção. Penso nas pessoas que passaram pela minha vida, nas escolhas que fiz, nas verdades que já questionei.
Aprendi com o tempo a não ter pensamentos definidos sobre uma situação, ou seja, nada pré-determinado, imutável ou convicções firmes e fixas. Durante grande parte da minha vida sempre fui assim: sou contra isso, não aceito aquilo, não acho certo isso. Já fui tanto a dona da verdade! Dou uma virada para o outro lado da cama, ajeito as cobertas e penso: “Será que esta ainda sou eu?”
Abraço o travesseiro, viro, respiro fundo, faço uma prece. Quantas horas ainda faltam para eu acordar? Acordar? Eu nem dormi ainda…
Eu sei que meu travesseiro não tem as respostas que eu procuro, mas docemente abriga minha cabeça como o guardião de meus sonhos e medos ; silencioso, ouve meus pensamentos mais íntimos - pacientemente.
Será que algum dia vou deixar de me preocupar com coisas que não posso controlar?