RUPTURAS EM SEQUÊNCIA

Esses últimos tempos tem mexido com meus sentimentos, fatos foram acontecendo, e de repente, muitas das minhas rotinas foram por água abaixo, sem a possibilidade de negociação, dada as circunstâncias como ocorreram.

Quando somos mais jovens, resolvemos problemas com mais naturalidade, mesmo ainda não dispondo de tanta experiência de vida acumulada. Agora, já idoso, parece que a sensibilidade fica mais aguçada, leva você a sentir o golpe desferido.

Nessa escala de fatos e consequências, o súbito afastamento do trabalho se caracterizou como o que causou maior diversidade de sentimentos, foi trabalhoso superar essa fase, mas a resiliência conseguiu devolver com juros e correção monetária tudo que foi perdido naquele triste ritual de passagem.

A próxima ruptura veio como consequência direta da primeira, inconformado com a situação de aposentado, solicitei ocupação a um grande amigo, e foi aí que o bicho pegou, saí com um duplo prejuízo, o tiro saiu pela culatra, não consegui o emprego solicitado e ainda vi essa relação descer pelo ralo.

A terceira passagem tortuosa chegou de forma surpreendente, convidado primeiro a participar de um curso do pensamento brasileiro, fui posteriormente convocado a entrar na coordenação do curso, que pesquisava o tema em reuniões semanais, que consumiam todas as manhãs das quinta feiras de forma ininterrupta durante ano. Boa parte do segundo semestre nos ocupava com a preparação do curso. Fazíamos viagens juntos, e não foram poucas as reuniões de confraternização do grupo. Nas acaloradas discussões, sempre me posicionei à esquerda, o que causava polêmica, visto que prevaleciam no grupo militares, ou que frequentaram escolas militares.

Com a derrota do capitão na última eleição presidencial, acabou acontecendo o inesperado, fui simplesmente desligado do grupo, sem nenhuma linha escrita, para explicar a razão da atitude. Interessante foi o injustificado sumiço do coordenador do curso, que até então fazia parte do grupo, que sempre se reunia as quartas-feiras para fazer sauna.

Se vocês acham que essas quebras de paradigma se encerraram, estão enganados, este ano de 2023 ainda presenciou nova ruptura, desta vez o objeto foi o grupo de escrita e leitura. Este encontro, que ocupava por duas horas, aquela transição do final da tarde com a chegada da noite começou de forma presencial, depois se transformou em virtual. Foram pelo menos seis anos de convivência, depois de muito esforço, consegui evoluir minha escrita técnica, para descontraídas crônicas, que religiosamente produzia pelo menos uma por semana.

Essa contínua produção propiciou a produção do primeiro livro, uma espécie de biografia sob forma de crônicas, que aborda momentos da minha vida. Neste momento, tenho outra publicação com cem textos selecionados em processo de revisão ortográfica.

Nas últimas reuniões vinha sentindo certo descontentamento com a postura da mestra, que reduziu pela metade o tempo dos encontros. Ano passado, ela arbitrariamente reajustou a mensalidade em 33%, reclamei do índice, mas acabei aceitando o novo valor. No início desse outubro, novamente o índice se repetiu. Dessa vez declarei meu repúdio ao novo reajuste, e propus negociar um índice menor. A resposta veio ferina, se as demais componentes de grupo aceitaram, eu deveria concordar caso contrário, a opção seria deixar o grupo. Foi à gota d’água, pois juntou meu descontentamento, com a redução do tempo das aulas e o abusivo reajuste, apenas me despedi das colegas do grupo.

No final das contas, acho que o grupo vai sair prejudicado, pois através dos meus textos que boa parte da aula acontecia, inclusive porque sempre escrevi sobre tudo, o que permitia boas discussões. Claro que perdi esse fórum de critica para meus textos, mas já estou a procura de um novo grupo.

Interessante saber que com essa atitude autoritária a mestre acabou não ganhando nada, financeiramente falando, pois com a minha saída, o valor pago pelo restante do grupo se manteve igual ao que era arrecadado anteriormente.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 04/11/2023
Código do texto: T7924757
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