QUER ESQUECER
Francisco de Paula Melo Aguiar
Tem tanta coisa ocorrendo no entorno da humanidade que nasce, vive, morre e renasce da paz e da guerra entre nações e ou entre indivíduos gananciosos em busca do ter mais e mais em qualquer sentido da vida.
Seria ótimo que se não fosse, porém assim é, a começar por um simples telefonema, onde alguém de carne e osso está por trás de uma central telefônica se passando por gerente de banco, presidente de uma casa filantrópica, de uma igreja da prosperidade, de um partido político que nada parte, de um encontro amoroso marcado pelas redes sociais, do cartão de crédito emprestado, etc.
Tem golpe à luz do dia, assim como amor de novela de época ou não.
O maior devedor de todos os tempos, segundo os vendedores de ilusão ou golpes adredemente arranjados é Deus, porque essa gente de mal caráter agradece dizendo: "Deus lhe pague" para sair bem na foto no altar da roubalheira como cultura da religiosidade da prosperidade, ex-vi denúncias envolvendo " lideranças honestas" de hospitais de caridade e casas de oração de denominações várias.
Assim sendo, se não bastasse o desvio de conduta de dirigentes de sistemas educacionais mantidos com o dinheiro público quando determina por exemplo, matricular o maior número possível de alunos na Educação Básica para obter/receber maior recurso do FUNDEB a cada ano, porém, não oferece as condições mínimas ao alunado que fracassa como protagonista de si mesmo, juntamente com o tipo de escola municipal ou estadual que lhe oferece. E pior ainda, para criar uma máscara de escola de excelência ou de primeiro mundo, quando chega o momento da aplicação das avaliações exigidas pelo MEC/ANEB/ANRESC, do tipo Prova Brasil que fornece dados para o cálculo do índice de desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), aí o sistema via seus dirigentes de passagem, sic, determinam a seus subordinados ad hoc ou não a mudar dados até então existentes. A ordem é para ser cumprida e ponto final, pois, "governar acorrentando a mente através do medo de punição em outro mundo é tão baixo quanto usar a força" no dizer da filósofa Hipátia, primeira mulher matemática. Sim, isso mesmo, onde todos os alunos que foram matriculados durante aquele ano no sistema municipal ou estadual de educação básica, ainda que por amostragem serão avaliados em português e matemática, para saber quem aprendeu a ler e escrever e a resolver problemas matemáticos envolvendo raciocínio lógico com e sem números. Como mais da metade dos alunos matriculados não tiveram frequência e aproveitamento escolar acima de 75% (setenta e cinco por cento), ex-vi por exemplo, as informações iniciais do Censo escolar, porém, desce de paraqueda com o Papai Noel do fracasso escolar, a ordem emanada do sistema é: 1) cancelar todas as matrículas de alunos com baixa frequência, abandono e aproveitamento por escolas, modificando o próprio Censo em andamento; 2) aprovar todos os demais alunos com ou sem provas; 3) dar as respostas para os alunos "escolhidos" para fazer a prova Brasil, dizendo qual letra ou palavra deve ser marcada ou escrita na hora da prova, etc. E a boca pequena e "o espírito santo de orelhas", sabe muito a respeito de tal prática. Isso é crime e corrupção primária que visa influenciar na construção do índice do IDEB daquele sistema de ensino, até então abaixo do mínimo exigido pelo órgão avaliador, salvo melhor juízo, isso é fraude, para dizer que é um sistema de ensino com escola de qualidade, só Deus na causa, porque " sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero... ", na analogia de Pierre Beaumarchais.
Se peneirar a areia do rio do fracasso escolar das crianças e adolescentes, assim educadas e instruídas, deste "tipo genérico" de sistema de ensino público, uma vez existente se não for mera coincidência ou ficção, é provável que ninguém passe pela peneira, e até porque, segundo o pensamento, ainda que por analogia de historiador inglês Peter Burke, "a função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer". Portanto, não vale apenas tapar o céu com a peneira, e esquecer à fábrica de fracassados no futuro já presente de crianças e adolescentes, uma vez que "encontrar defeito é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil", no dizer de Plutarco.