Abrindo gavetas
Convém arrumar armários, gavetas e o guarda-roupa. Não apenas aquela limpeza visível e esperada na casa, como lavar o banheiro, pelo menos 1 vez na semana no mínimo. Desengordurar o fogão e descongelar a geladeira. Têm as janelas que vão manchando por fora, o pó na estante e nos objetos que as enfeita e os espelhos embaçados. Mas acho que tudo isso é de praxe.
Há muitos anos atrás uma médica me falou a importância de guardar exames mais recentes e não deixa-los soltos por aí com risco de perder. Desde então, tenho duas pastas, uma com todos meus documentos, outra com exames. É incrível a quantidade de coisas que vamos acumulando ao longo dos anos. Por isso, muita gente vai deixando esses pormenores para depois.
Faz tempo que deixei de ter medo de armários, muita coisa ficava acumulada lá dentro.
Começo então pelas roupas, vou separando as que não cabem. Me espanto com o bolo que vai se formando. Me forço a acreditar que é natural o processo de alargamento do quadril em toda mulher. Às vezes é preciso um período de autoconsolação para amenizar que o tempo passa e estamos passando por ele com todas as nossas transformações. Será por isso que tenho tantas roupas pretas? Separo as que estão em bom estado para doação.
Hora de abrir caixas. Reler cartas antigas e ver fotos que eram reveladas, uma outra época. Algumas fazem chorar, seja de alegria ou tristeza, outras acabam picotadas.
Um acervo de memórias que muitas vezes não damos conta e que podem ter revelações importantes no presente.
Vira e mexe também é bom se desfazer de utensílios velhos e passar para frente aqueles que não fazem mais sentido.
Essas minúcias fazem uma diferença danada e também trazem grandes surpresas. Por exemplo, uma vez abri algumas gavetas e encontrei alguns textos empoeirados escritos por mim. Eles criaram asas e nunca mais voltaram a viver em cativeiros.