Ruptura

Eclodiu a poesia. Conquista espacial do teu sorriso. Um vocábulo misterioso incendeia a aurora das três noites em claro. Eh, aurora, essa palavra sem artífice. A poesia desabrolha na esfinge traduzindo-se no insensato recanto da página. A civilização tecnológica se esforça para trocar o lucro pelo poder sensitivo da natureza não discursiva. A explosão do verso vai constelar desejos naturais no amor experimental que esboça nova sintaxe. Escorre adeus disperso e solitário no papel. Deveria habituar-se ao roteiro hilariante sobre o lado complexo da vida entre palavras fraturadas.

A poesia eclodiu sem timbre, sem melodia e sem pontilhismos. É preciso combinar técnica com algum poeta suíço do acaso. Realizar pesquisas sobre constelações envoltas em mistérios. Eh, natureza episódica! Ganha força abolindo fronteiras, abrindo portas, criando a reversão das certezas. Toda afilhada da indústria mecânica a poesia eclodida sem linhas e sem cores nunca sabe dizer te amo expressamente. Ela consiste num plano de valor que jamais corresponde ao caso forçado de geometria ordinária. No entanto tudo o que é cromático transcende. E há quem prefira nunca pintar mulheres, mas quadradinho. Nunca dizer Deus não me ama, ele não existe. E inventado é fixo na lógica do vazio desenhado, mal rabiscado com o resultado das guerras, feito a luta contra a poesia eclodida. Nesse movimento Pavlov sufoca a verdade sem perceber poesia nos lábios carnudos do amor como mensagem da aurora. Só eclode poesia extinta da evidência concreta. Argamassa que estraga tudo, mas defende. Sem alcançar o prazer neutro do pacífico caos noturno.