02 DE NOVEMBRO

02 DE NOVEMBRO

Como Seres Humanos, somos dados a criar dias para homenagear feitos históricos, coisas, animais e pessoas.

Então é inexorável que tenhamos, há muitos séculos, criado um dia para homenagear aquelas pessoas que partiram, antes de nós.

E hoje estamos vivendo o Dia de Finados.

Me lembro que no meu tempo de guri, em Rosário do Sul, nesta data, eu ia pra a frente do cemitério vender rosa, dálias e copo de leite que minha fazia usando papel crepom e breu.

Me lembro que as pessoas que para o cemitério se dirigiam reclamavam muito do vento que fazia, costumeiramente, neste dia.

Um dia, depois das vendas, perguntei para o meu avô porque ventava tanto, nos dias de finado.

Ele me disse que eram os Anjos do Céu, invisíveis para nós, que visitando a terra, para consolar os familiares dos entes queridos que partiram, voavam batendo, asas com tal força e vigor ,que produziam a ventania.

Eu acreditei no meu avô. Naquele tempo a gente, criança, ou adulto acredita nos pais e nos avós e o que eles falavam se tornavam verdades inquestionáveis.

Mas, então, hoje é dia de finados.

É o dia em que lembramos daquele pai ou daquela mãe morreu, nos deixando órfãos, mais solitários, tristes e mais sós.

É aquele dia em que lembramos o amigo de tantas aventuras que se foi sem se despedir, deixando menor a turma da bagunça e nos privando das risadas que as suas piadas nos obrigavam a ter.

Hoje é o dia de lembrar em o grande político , o grande religioso o grande sábio, o grande professor, fez a sua ultima obra, o seu último sermão ou a sua última grande aula e se aposentou, para sempre, indo morar – seu corpo em uma tumba e suas obras, suas convicções e suas aulas no coração de cada um de nós.

Hoje é o dia de lembrar que o homem ou a mulher amados, despediram-se de seus parceiras ou parceiros, de tantos anos, de tanta cumplicidade e de tanto amor e tomaram o rumo da geografia do mistério Eterno.

Além da solidão que as suas não presenças fez ciar como um sentença na vida dos que ficaram, deixaram um vazio imenso no coração que nunca poderá ser preenchido pois nenhum homem será para sua amada e nenhuma mulher será para o seu amado o que foram e o que representaram os que partiram.

Finalizando ,não posso deixar de lembrar de meu avô e pedir que, onde ele estiver e se puder, fale com os Anjos- com os quais ele, com certeza, fez relações- e peça-lhes que, com suas asas voem sobre todos nós e produzam o vento curador do meu antigo Rosário do Sul, e que este vento traga os remédios que sejam capazes de sarar as feridas de nossos corações e as dores de nossa alma produzidos pela saudade das pessoas amadas que nos deixaram.

Eu tenho certeza de que isto acontecerá pois eu sou do tempo que a gente acreditava nos avós....

( Recanto da Ana e do Erner. 02.11.23- Capão Novo)

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 02/11/2023
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