NÃO EXISTE MAIS GLAMOUR!

Sair de casa com pelo menos duas horas de antecedência, mesmo que tenha feito o check in digital antecipadamente em casa. Não tem jeito, vamos obrigatoriamente vivenciar aquela tensão que parece permanecer no ar dos aeroportos, talvez influenciada pelo habitat natural das aeronaves.

Hoje, não adianta apelar, sem pagar tarifa extra, ninguém mais reserva poltrona, ou melhor, aquele apertado espaço que envolve o assento, para uma viagem que pode se estender por horas a fio.

Agora para voar, companhias aéreas exigem do cliente desenvoltura no trato com seu site, em tese, apenas 48 horas antes do voo, permitem o check in e marcação do lugar. Outro dia no aeroporto, me dirigi ao estande de uma empresa, para reclamar da dificuldade de antecipar o check in, pasmem, palavras da própria funcionária: “Ah, nem a gente consegue usar esse site, é uma porcaria”. Durma com essa se puder!

Na próxima etapa da viagem, passaremos por uma via crucis, que inclui efluxos de radiatividade e detector de metais, tudo isso, apenas para atender protocolos de segurança. Nesta fase, a chatice mesmo, fica por conta de necessariamente retirar sapatos, aparelhos eletrônicos e mochila para depositá-los em bandejas de plástico. Em seguida, vem o pior, recolocá-los em espaço inadequado, onde deveria, pelo menos, oferecer banco e mesa para servir de apoio, principalmente para segmentos especiais: idoso, pessoas com necessidades especiais ou crianças pequenas.

Bom, depois de superar esses obstáculos, enfim, você sai em busca do setor de embarque, este invariavelmente contará com mais público, que lugares para sentar disponíveis, claro, ninguém te oferecerá um lugar para descansar, mesmo constatando que você é idoso. Então, sem opção, ficará de pé até o aviso de embarque.

Hoje, classificado como idoso, dou graças aos céus, afinal desfrutarei o privilégio de escolher onde depositar minha bagagem. Quem diria, que um dia, empresas aéreas na ganância de mais arrecadar, impusessem aos passageiros a tarefa de espremer seus pertences, em mala de até dez quilos, adicionalmente permitem embarcar com uma mochila, esta necessariamente alocada sob assentos.

Vale lembrar, que aquele bagageiro acima das poltronas não foi projetado para receber malas, antes vivia vazio, pois objetos pessoais, as pessoas gostavam de mantê-los a mão. Como ninguém quer arcar com custos adicionais, o resultado é uma demanda de espaço superior a oferta, gerando graves consequências, que já pararam no noticiário policial, resultando em desembarque forçado de passageiros.

Depois de acomodado em seu lugar, você precisa torcer para não receber ao seu lado, um vizinho muito gordo ou muito alto, pois isso resultará ainda em menos espaço para você.

Tudo isso me fez recordar de fato ocorrido em voo interno nos EUA. Meu assento ficava no centro de um grupo de três. Quando os dois passageiros altos e gordos se acomodaram a minha volta, me senti literalmente espremido. Com muita dificuldade, abandonei o local, e relatei o problema para uma aeromoça. Acabei acomodado junto à tripulação.

Outra evolução do transporte aéreo pode ser apreciada quando se inicia o requintado serviço de bordo, disponibilizado gratuitamente pelas empresas. A coisa anda tão mal, que ultimamente causo inveja aos vizinhos, quando saco de minha mochila uma fruta fresca, acompanhada de um sanduíche preparado em casa.

Por incrível que possa parecer, me adaptei bem a mala compacta, passando inclusive a economizar tempo e dinheiro. Explico a questão do tempo, não preciso mais me deslocar até aquelas esteiras e ainda esperar a chegada da mala. Já a economia, se deve ao não manuseio, ou melhor, ao arremesso de mala a distância, praticado pelos operadores de carga, o que tem prolongado a vida útil do equipamento.

Quem diria hem, que essas elitizadas viagens aéreas acabariam desse jeito!

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 01/11/2023
Código do texto: T7922078
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