DE CONVERSA EM CONVERSA

Outro dia fui deitar pensando na riqueza de possibilidades que esse simples vocábulo, conversa, pode propiciar a quem pare por um momento, e pense nas infinitas composições possíveis.

Sua origem é o Latim conversatio, que inicialmente se usava para “viver com, encontrar-se com frequência”, formada por com-, “junto”, mais vertere, “virar, voltar-se para”. Mais tarde, mudou para o significado atual.

Quando saímos do histórico, para nosso cotidiano e tendo o corpo humano como objeto, é possível criar o “non sense” da conversa ao pé do ouvido, e assim restringir uma troca de opinião. Já uma conversa sem pé nem cabeça remete a outra combinação de essência similar, a tal da conversa de doidos.

Como então lidar com uma conversa fiada, que se aproxima muito de jogar conversa fora, apenas com a diferença de envolver um fiador oculto na expressão inicial.

Já uma conversa afinada pressupõe componentes que discutam em sintonia fina um tema de comum interesse.

Por outro lado, uma conversa afiada, por incrível que possa parecer, não foi ainda integrada ao vocabulário, mas por associação tanto pode agredir, como se defender de um diálogo mais ríspido. Quem ainda consegue lembrar da expressão afiada lá dos tempos de escola, designando quem dominava uma ou mais matérias.

Quando o objeto do encontro é uma conversa séria, não existe espaço para subterfúgios, ou qualquer tipo de brincadeira. Contrapõe-se ao que definimos como conversa pra boi dormir.

Um dos significados mais abrangentes para conversa surge, quando se agrega um profissional, tentando vender gato por lebre, não importando o objeto em questão, essa tal conversa de pescador, tem associação direta com a mentira.

A conversa de vendedor, ou mais especificamente a conversa de corretor se caracteriza por potencializar o lado bom do objeto, escondendo, sempre que possível, a parte sombria da realidade.

Dentro deste mesmo contexto, o passar a conversa em alguém, que no ambiente teatral refere-se àquela necessária repetição dos diálogos

Com conversa de médico, não temos mesmo opção, precisamos ser crédulos.

Liderando o campeonato de fanfarronices, alguns profissionais têm lugar de honra, você lembra sua última conversa com o mecânico de sua confiança? Ou da conversa com o eletricista, ou com o bombeiro? O duro mesmo é aguentar a conversa mole desses profissionais da lábia, que super valorizam seu trabalho, que muitas das vezes deixam a desejar.

Uma conversa de coxia pode propiciar ao felizardo uma maior chance de ganhar uma corrida, independente do páreo disputado. Por incrível que possa parecer, dicionários ainda remetem a seus significados anteriores: naval ou teatral.

A conversa de compadres e comadres serve por um lado para manter vínculos fortes, por outro, para detonar algum desafeto, que pretende ingressar na família assim de repente.

A conversa formal pressupõe uso correto das normas gramaticais, se opondo a conversa informal, mais livre, usada rotineiramente no cotidiano. Já na conversa franca, o que vale mesmo é sinceridade e objetividade.

A formação de uma fila propicia o surgimento de um grupo especial de pessoas, as que puxam conversa com quem estiver por perto, são generalistas e gostam muito de se ouvir, não importando quem seja o interlocutor.

Mudança de conversa é uma técnica eficiente para evitar que algum tema tedioso ou indelicado tenha vida longa.

De conversa, em conversa você está querendo é me conquistar?

Conversa vai, Conversa vem você acaba me convencendo sim, que divagar sobre este assunto não é mais uma conversa furada, e quem sabe pode até dar frutos.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 31/10/2023
Código do texto: T7921199
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