A Simplicidade Como Caminho da Felicidade
Em meu caminho pela vida, sou um observador atento, ciente de que um dos maiores indicadores de felicidade está na simplicidade dos prazeres que vivenciamos. Num mundo onde a geração contemporânea muitas vezes se perde em sua busca por gratificações imediatas e sofre de uma espécie de consumismo crônico, eu me recuso a participar desse baile de máscaras, muito menos a sucumbir aos fetiches mercadologicos que os cercam.
Desde minha tenra infância, quando minha mãe me vestia com roupas doadas, meu pai me ensinava sobre ter o que era essencial, fui educado no valor da modéstia. Compreendi que a verdadeira felicidade reside em prazeres simples, muito além das miragens das finas iguarias e dos objetos mais desejados. Descobri que a vida é mais compreensível ao fugir dos excessos e ao eliminar desejos supérfluos e artificiais. Fama, poder e riqueza, na minha visão, são meras negações de uma existência sensata, pois a felicidade é forjada na carpintaria dos prazeres duradouros, como a apreciação dos alimentos necessários, a temperança, as amizades, a arte e a filosofia, que enriquecem os trilhos da nossa jornada.
No limiar entre os dias de berço de ouro e a simplicidade dos afazeres, percebi que quem muito anseia corre o risco da decepção. A capacidade de distinguir necessidades verdadeiras das falsas tornou-se uma bússola na minha vida. Estar preparado para tempos de carência, nunca estacionar na abundância e sentir satisfação com poucas necessidades materiais são importantes princípios que norteiam minha jornada em busca da felicidade. Manter a saúde do corpo e a serenidade do espírito, junto com a ponderação dos prazeres e o autodomínio, são critérios de uma vida calcada na busca da felicidade.
Hoje, vivemos em uma era onde somos incessantemente instigados a comprar mais, consumir mais e acumular mais. Ao invés disso, optar por viver com simplicidade é valorizar o essencial e libertar-se das correntes do consumismo desenfreado que tantas vezes nos aprisionam.
Eu não sou adepto dos poderes "míticos" do dinheiro ou da fama efêmera. Na minha perspectiva, um cachorro-quente na esquina é tão saboroso quanto um prato gourmet no shopping, e uma cerveja barata saboreada num "copo sujo" é tão refrescante quanto champanhe nas altas rodas da sociedade. O prazer genuíno se encontra nas coisas simples, longe dos egos inflados pelo poder e pela busca incessante de bens materiais.
Como teorizado pelo filósofo Epicuro, a verdadeira felicidade não reside nos excessos, mas sim na moderação e no desfrute dos prazeres mais simples da vida. Ele argumentava que a incessante busca por riqueza e bens materiais apenas nos leva à ansiedade e ao sofrimento. Em vez disso, ele nos convida a buscar a ataraxia, um estado de paz e tranquilidade encontrado na satisfação com o que é necessário e suficiente.
Diante da constante enxurrada de distrações impostas pelo mundo capitalista, é essencial questionar a necessidade de acumular bens materiais e buscar a clareza mental. Devemos reconhecer que a busca por uma vida repleta de adquirir produtos raramente conduz a uma felicidade duradoura. Optar por desapegar-se do supérfluo e focar no essencial é a chave para uma vida plena e verdadeiramente feliz.
11.03.2018