"TEM DIA QUE DE NOITE É FO...."

     Caminhava pelo parque sem destino, pensava apenas me distrair enquanto desenferrujava um pouco as pernas. A uns cem metros vi sua figura graciosa... Graciosa por ser magra e estava com uma roupa esporte marcando suas curvas e isto para mim é o protótipo da mulher que se cuida e ainda está ativa para a vida.

     À medida que se aproximava eu notava outros pontos da sua figura que também aprecio. Seios médios, cabelos um pouco abaixo dos ombros e um rosto sem rugas, mas que não escondiam sua idade entre cinquenta à talvez cinquenta e cinco anos, não mais.

     O que eu não esperava era que ao se aproximar de mim fosse agir como agiu, parou à minha frente e me cumprimentou com um educado boa tarde e depois perguntou com um sorriso zombeteiro na boca de lábios médios e bem delineados. - Então, gostou do que viu?

     

     Meus muitos anos girando pelo mundo e conhecendo bastante sobre o comportamento feminino não me deixou ficar inibido, mesmo surpreso por descobrir que eu não sou tão discreto quanto penso.

    Respondi com a mesma petulância dela: - Gostei imensamente, mas de verdade, acreditava que nem tivesse me notado. – como não notar, ainda é cedo para os usuários habituais estarem caminhando e ver um louro simpático com jeito de ser esta a primeira vez que vem aqui, não ia me passar despercebida. Estou cansada não quer se sentar para conversarmos um pouco?

     Fiquei ainda mais desconcertado com o convite, mas ela já se dirigia ao banco mais próximo sob a sombra de uma árvore e eu a acompanhei. Sentamo-nos e ela perguntou: - é daqui da cidade? Respondi que sim, mas não do centro, moro em um bairro afastado e vim apenas andar um pouco e ver às mudanças na cidade, me encantei com o parque e cá estou.

     

     Ela riu e se apresentou dizendo que se chamava Marina e eu também me identifiquei. Ela sem preâmbulos voltou a perguntar: Está a fim de um programa? Claro que me assustei, e desta vez minha autoconfiança se abalou um pouco e consegui apenas balbuciar: Programa... De que tipo? Ela riu e pensou um pouco antes de responder.

     Quando falou foi com uma voz mais doce e chegando o seu rosto bem pertinho do meus falou perto da minha boca como se fosse me beijar, programa no meu apartamento ou num motel, o que quiser e emendou, não cobro muito caro, apenas quinhentos reais por programa, mais cem se for no meu AP ou o preço do Motel.

     

     Coloquei a mão na boca morrendo de vontade de soltar uma boa gargalhada e mandar ela pra puta que a pariu, mas apenas me levantei e disse, desculpe-me querida, minha esposa está numa clinica e daqui a pouco vou buscá-la, passar bem. Ela ficou com uma carinha de tacho, riu e voltou a caminhar.

     Falei com meus botões enquanto caminhava por um via lateral da qual sairia do parque: “quinhentas pratas”, eu fico com a minha esposa mesmo, afinal de contas lá é uma prestação que eu já pago há quarenta e nove anos e tenho certeza que não vou me desgastar tanto. Aí emendei para ver meus botões corados: Vaca vagabunda, piranha, safada, e choraminguei: Quinhentas pilas... Ta pensando que sou parente do Aécio Neves? Tá doido sô? Na outra encarnação eu vou pedir para ser mulher de programa... Ou puta mesmo.  Estragou meu dia. Fuiiiiiiii

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 30/10/2023
Código do texto: T7920794
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