Minhas mãos
Observo minhas mãos firmes, deslizando o lápis ou digitando, executando o meu trabalho , escrevendo ou criando algo novo. Gosto de vê-las, ainda bonitas, já com marcas profundas dos anos que se passaram. Tanto serviço rude, grotesco. Tanta carícia, em tantos rostos.
Estas mãos pequeninas, pele macia, eram beijadas por minha mãe e por meu pai. Juntas, pediram a benção aos avós, tios e padrinhos.
Mãos dadas, com os amigos brincaram de roda, subiram em árvores, fizeram festas e bateram palmas para festejar a alegria de alguém. Fizeram gestos de amor e também cometeram sem dúvidas algumas maldades pela nossa imperfeição.
Mãos que plantaram flores, mãos que impuseram espinhos. Mãos que tricotaram agasalhos para os filhos e negaram carinho à
pessoa amada.
Mãos que já deram “as mãos” a uma infinidade de pessoas estranhas e que buscaram pelo apoio de pessoas queridas. Mãos que suavizam os caminhos, mas que também atiram pedras.
Mãos postas, recebem em comunhão o corpo e o sangue de Cristo e desfiam o rosário em gratidão por graças recebidas. Mãos que também suplicam em momentos de dor e humildemente esperam pelo perdão pelos atos cometidos.
Mãos que alfabetizaram centenas de crianças e idosos, que num toque suave, num gesto incentivaram o enfrentamento das dificuldades encontradas no caminho do saber. Mãos que agradeceram por cada mimo, cada cartinha recebida, que guardou com zelo preciosas produções dos alunos. Mãos que agradeceram pelo conhecimento e o apoio recebido dos mais experientes.
Ainda vaidosas, apesar das rugas e da pele flácida, gostam da massagem com cremes, de ter anéis, unhas esmaltadas e também de receber afagos.
Mãos honestas! Para mim, têm a simbologia da doação, da entrega, do acolhimento, do pedido de ajuda e da benção. Quero assim torná-las sagradas até o momento derradeiro.