AI DE TI COPACABANA

Por morar a quase sete décadas nessa Mui Leal e Histórica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, às vezes me pego questionando o que aconteceu de errado, para chegarmos a essa desordem de hoje? E não vou nem entrar na questão da violência contra pessoas.

Outro dia, em Copacabana, caiu a ficha, me assustei com o pouco espaço reservado aos pedestres, e olha que essa antiga princesinha do mar, nunca careceu de espaço em suas amplas calçadas e ruas. Agora, densamente ocupadas, não mais por pessoas, pois perderam de vez seu lugar para um festival de quinquilharias, que sequer respeitam o acesso ao comércio formal.

Não sei se foi eufemismo, mas chamar esse comércio de ambulante, talvez seja um ato falho, ou se remete ao tempo do rapa, quando camelô precisava ter olhos de lince e velocidade do papa léguas, para não ter confiscadas suas mercadorias.

Hoje se bobear, estes ditos ambulantes devem até negociar esse estratégico espaço que ocupam ao longo dos logradouros. Como ficou difícil competir com o preço desses comerciantes informais, o bairro então precisou dar outro destino para muitos estabelecimentos fechados.

Adivinhe quem substituiu, se você for capaz? Elas, as farmácias, que faz algum tempo ampliaram seu espectro de mercadorias, que além dos tradicionais fármacos, passaram a negociar uma gama de produtos, que vai do papel higiênico a água mineral, passando por doces e toda linha de cosméticos, esta tão última opção tão afinada com o segmento feminino, e o mais importante, mantém o monopólio de fármacos e produtos femininos. Alguém já viu camelôs vendendo medicamentos?

Imagino que não passou despercebida de muita gente a proliferação de farmácias/drogarias por qualquer bairro que você passe. Agora Copacabana, que se caracteriza como o bairro da cidade com moradores mais longevos, e ainda com razoável poder aquisitivo, se tornou a Meca dessas cadeias de lojas de farta iluminação e ambiente climatizado.

As ditas ofertas do dia, ou da semana, agora também se aplicam aos medicamentos, anunciados às alturas, por profissionais treinados nos próprios estabelecimentos, mas que aporrinham moradores e pedestres, com seus repetitivos apelos publicitários de alto e bom som.

Mas as transformações deste densamente ocupado bairro não param por aí. Essa mesma Copacabana que já contou com muitas salas de cinema, superando inclusive a própria Cinelândia, atraindo moradores de toda Zona Sul nos tempos áureos, foi gradativamente transformando seus templos de diversão, em instituições evangélicas, ou os cedeu à especulação imobiliária tardia.

Outra sequela comum às principais artérias do bairro, e já incorporada á paisagem é o numeroso contingente de população de rua, que contribui de forma decisiva para o mau cheiro, que acabou tomando conta de boa parte de seus logradouros.

A pergunta é direta, seria ainda possível revitalizar essa área que se encontra em rápido processo de degradação? Quem sabe procurar alguma experiência exitosa e tentar adaptá-la, mesmo levando em consideração as especificidades desse bairro, que ainda insiste em receber o maior contingente de turistas nacionais e estrangeiros, tanto em visita à cidade, como a outros destinos nacionais, usando a cidade como porta de entrada.

Fico aqui aguardando possíveis contribuições para essa demanda para lá de especial. Vamos lá, quem se habilita?

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 30/10/2023
Código do texto: T7920381
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