Doçuras ou Travessuras?
“Manheeeeeee!!! Eu quero tomar sorvete, senão eu vou gritar!!!” – É mais ou menos assim que agíamos quando éramos crianças e queríamos impor a nossa vontade para o mundo; caso contrário, gritávamos, esperneávamos e aprontávamos poucas e boas, como meninos e meninas travessos com cara (apenas “cara”) de “santinho com auréola e tudo”.
O tempo passou e as nossas atitudes também. Porém será que, de vez em quando, não agimos como no tempo de crianças e andamos cometendo “criancices” por aí, seja para com os outros, com os pais, amigos e até mesmo para com o nosso Deus?
Mas você pode estar se perguntando neste instante: O que esse assunto tem a ver com o título “Doçuras e travessuras”? No mês de outubro, mais precisamente no dia 31, é comemorada uma data muito difundida nos Estados Unidos, alguns países da Europa e que há alguns anos chegou ao Brasil, via cursinhos de inglês, TV e clubes, tentando introduzir essa “cultura” em nosso país, apesar de nem todos a assimilarem muito bem por aqui ou não saberem direito o que é essa festa.
O que exatamente são as festas de Halloween? São celebrações marcadas por festas à fantasia, fogueiras e com crianças “disfarçadas” de monstros, fantasmas, bruxas, cara de abóbora etc., que saem de casa e vão pelas ruas, de casa em casa, pedindo doces. Daí a famosa “brincadeira” de trick or treat (que traduzido significa “travessuras ou doces”). É claro que ninguém ousa negar às crianças os docinhos ou chocolates que elas tanto desejam. Neste quesito se assemelha, aqui no Brasil, ao dia 27 de setembro (Cosme e Damião), onde a meninada corre atrás de doces e enche sacolas para “provar” depois e até mesmo “matam” a aula por causa disso, muitas vezes, com a conivência das escolas.
Porém, por trás desta inocente brincadeira está escondido o sombrio significado da Festa de Halloween ou Dia das Bruxas, como também é conhecida. Hallowed é uma palavra do inglês antigo que significa “santo” e “en” também de origem inglesa significa “noite”, então o significado é “Noite Santa” ou All Hallows Eve (“Noite de Todos os Santos”). A data escolhida, 31 de outubro não foi por acaso. No calendário celta, este é um dos quatro principais dias de “descanso das bruxas”, os quatro dias de “meio trimestre” (as outras são: primeira, 2 de fevereiro, o Dia da Marmota, que honrava a Brigite, a deusa pagã da cura; segunda, o feriado de maio, chamado Beltane, entre os bruxos, o tempo de plantar; a terceira, festa de colheita em agosto, comemorado em honra ao deus sol, a divindade brilhante, Lugh; e a última, Samhain, marcava a entrada do inverno).
Para os druidas, 31 de outubro era a noite em que Samhain voltava com os espíritos dos mortos. Eles precisavam ser “acalmados ou agradados”, caso contrário, os vivos seriam enganados. Logo, acendiam-se enormes fogueiras nos topos das colinas para afugentar os espíritos maus e aplacar os poderes sobrenaturais que controlavam os processos da natureza. Anos atrás, alguns imigrantes europeus, de um modo especial os irlandeses, introduziram o Halloween nos Estados Unidos. No final do século passado, seus costumes tornaram-se populares.
E você, tem ideia do real simbolismo de algumas figuras que fazem parte desta “festa das bruxas”? Vamos a alguns desses significados:
Bruxas e fantasmas – Os antigos druidas acreditavam que em uma certa noite (31 de outubro), as bruxas, fantasmas, espíritos, fadas e duendes saiam para prejudicar as pessoas. Hoje está muito em voga, principalmente devido ao Harry Potter, o “bruxinho bom” que faz um super-sucesso entre adolescentes e até mesmo alguns jovens, em vários livros e no cinema, deixando a autora J.K. Rowling e diretores milionários.
Lua cheia, gatos e morcegos – Acreditava-se que a lua cheia marcava a época de praticar certos rituais ocultos; o gato estava associado às bruxas por superstição, porque se acreditava que as bruxas podiam transferir seus espíritos para gatos; o morcego, por sua habilidade de perseguir sua presa no escuro, adquiriu a reputação de possuir forças ocultas. O mamífero voador também possuía as características de pássaro (para o ocultismo, símbolo da alma) e de demônio (por ser noturno). No período medieval acreditava-se que demônios transformavam-se em morcegos.
Cabeças de Abóbora (Jack-o-lanterns) – A abóbora recortada em forma de “careta”, veio da lenda de um homem notório chamado Jack, a quem foi negada a entrada no céu, por sua maldade, e no inferno, por pregar peças no diabo. Condenado a perambular pela terra como espírito até o dia do juízo final, Jack colocou uma brasa brilhante num grande nabo oco, para iluminar-lhe o caminho através da noite. Este talismã (que virou abóbora) simbolizava uma alma condenada.
“Travessuras ou Doces” (Trick or Treat) – A cultura celta pregava que para apaziguar os espíritos malignos, era necessário deixar comida para eles. Esta prática foi transformada com o tempo, e os mendigos e as crianças no “dia das bruxas” passaram a pedir comida em troca de orações por quaisquer membros mortos da família. Uma espécie de “chantagem”, que deu origem a famosa pergunta “travessuras ou doces?”
As máscaras e fantasias – As máscaras têm sido um meio de superstição para afastar espíritos maus ou mudar a personalidade do usuário e também de comunicação com o mundo dos espíritos. Um modo de “enganar e assustar” os espíritos malignos, quando fantasiados. Também, em outras culturas, pessoas colocam as máscaras para assustar demônios que acreditavam trazer desastres como epidemias, secas etc. Grupos envolvidos com magia negra e bruxaria também usam máscaras para “criar uma ligação” com este mundo e o dos espíritos.
As cores laranja e preta – As cores usadas no Halloween, o laranja e o preto, também tem sua origem no ocultismo. Elas estiveram ligadas a missas comemorativas em favor dos mortos, celebradas em novembro. As velas de cera de abelha tinham cor alaranjada, e os caixões eram cobertos com tecidos pretos.
Lembre-se do conselho muito oportuno que o apóstolo Paulo nos deu e que pode servir a cada instante de dúvida sobre onde ir e o que fazer da sua vida: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (2Co 10.23).