Educação para a boiolice?
Um jornalista chamado Olavo de Carvalho, escreveu um artigo intitulado “Educando para a Boiolice”, no Diário do Comércio, 23 de Abril de 2007, onde comenta a tragédia ocorrida na Virgínia, quando um aluno coreano atirou em outros alunos. Nesse artigo, o jornalista chama a educação oferecida nas escolas de “educação para a boiolas” e defende um discurso completamente facista, incitando inclusive, uma espécie de treinamento de guerrilha dentro das escolas.
Sinceramente, não sei o que pensar quando leio as propostas pedagógicas de Olavo de Carvalho. Fico perdida entre tantas infâmias e nem sei por onde começar a pensar.
Não sei dizer se estou diante de um homem homofóbico, se estou diante de um homem declaradamente machista, já que defende uma educação mais agressiva para meninos nas escolas, como se a estes coubesse a defesa da honra e da ordem do local, ou se estou apenas diante de um lamentável homem equivocado, recalcado e confuso.
Imagine se o seu “treinamento militar para estudantes” por acaso fosse implementado aqui no Rio de Janeiro, cidade do BOPE, da CORE, do Comando Vermelho, Terceiro Comando, ADA... seria um lugar perfeito para o nascimento da nova e inusitada milícia? Quem sabe o Batalhão dos Estudantes Machos, ou a Coordenadoria dos Estudantes Especiais, ou ainda o Comando Anti-Boiolice... Quem sabe até, as escolas públicas não fazem uma aliança com os amigos fascistas-integralistas do autor e comecem a “separar o joio do trigo” dentro das escolas com altos índices de criminalidade.
Em um país com grande defasagem educacional como o Brasil, que luta a cada dia para diminuir os índices de analfabetismo e evasão escolar e para melhorar a qualidade do ensino, diga-se de passagem, um país com um altíssimo índice de violência, eu diria ser o caso do “ilustre pensador e filósofo”, um provável caso de “esquizofrenia social”, se é que isso existe. No mínimo, um caso de irresponsabilidade social mesmo.
Até onde eu sei, a história da humanidade mostra que machismo e violência nunca deram bom resultado a ninguém, pelo contrário, só causaram dor e atraso. Já é hora de vivermos o amor e a humanidade, e a educação deve conduzir esse processo, ainda que para isso tenhamos todos que nos transformarmos no que Olavo de Carvalho chamaria de “boiolas”.