Meu monstro
Durante anos da minha infância passei sendo assombrado por um monstro que sempre me acompanhava onde quer que eu fosse, ele estava no armário, debaixo da cama, no banheiro a noite, em um caminho escuro ou até mesmo sentado na minha cama enquanto eu me protegia debaixo do meu cobertor mágico que me defendia de todo Mal.
Mas percebi que um certo dia o monstro pegou seus pertences espalhados pela casa e foi embora, eu não o vi mais, simplesmente havia terminado seus trabalhos, o peso dos anos que se passaram depressa havia lhe aposentado como monstro assustador e colocou em seu histórico que havia desempenhado seu papel com destreza, mas já não era necessário que ali permanecesse, a maturidade da mente e o passar dos anos do assombrado, havia o libertado .
Hoje olho os cantos da casa onde ele permaneceu por anos e me bate a saudade daquele monstro que fazia minha imaginação pulsar, vibrar, olho o mundo e vejo monstros reais que podem me ferir, podem me abater, mas com ele aprendi que assim como o monstro do meu armário, também vencerei os que hoje me assombram, uns não são monstros particulares, mas sim públicos e trabalham em grandes repartições, assombram uma parcela da sociedade, eles trazem consigo não aquele medo bobo do frio na barriga que te desafiava a correr mais rápido que o apagar das luzes, eles trazem o medo da fome, da desigualdade, trazem o medo da própria morte, eles têm o poder de te desestabilizar emocionalmente, te fazem tremer, chorar, te tiram o ar, aceleram o coração, ao invés de te provocar vontade de vencê-los, eles te levam a vontade de não mais existir, te cobrem com a sombra escura mesmo em dia de sol, hoje estou aqui chamado meu monstro de infância para que me ajude a combater os monstros maus que tentam contra minha vida.
como sinto saudade daquele que me seguia onde quer que eu fosse.
Renato Silva.