Renascer
ACHO que toda pessoa sempre será um refém da saudade e amante eterno das suas raízes. Principalmente quando, por força das circunstâncias, está fora do seu rincão. Nesse caso a saudade se transforma numa meta quase obsessiva: voltar. Detalhe: o que segura o ser humano é a memória. Não me lembro do nome do autor mas adoro uma frase telúrica: “Voltar é uma forma de renascer e ninguém se perde no caminho da volta”. Uma verdade abissal.
Como alguém pode esquecer sua terra? Só se for um apátrida. A pessoa pode noutra terra vencer na vida, fazer nome, constituir família e, portanto, ser grato a esse lugar. Mas não esquece seu torrão natal. Será sempre refém da saudade das suas raízes. Vai sempre acalentar o sonho de voltar. Voltar será uma forma de renascer. Por mais apego que tiver à nova terra, nela sempre se sentirá um estrangeiro. Quem tem sentimento telúrico não esquece sua terra, a não ser que seja um apátrida.
Sei que as vezes voltar é um sonho impossível. Mas precisamos sonhar. É isso que nos mantém vivos. Sempre recordo um trecho de um texto de um escritor pesqueirense Luís Cristóvão dos Santos. São palavras dele:
“Na verdade ninguém esquece os caminhos da infância. O pequeno país que ficou sepultado na bruma. Todo homem guarda no coração a mensagem que lhe entrou pelos olhos, mal-abertos para os mustérios da vida. O importante, porém, é reconquistar a paisagem perdida. Encontrar, novamente, os velhos caminhos. E por eles andar, de alma alegre, vendo desfilar o Rosário das emoções ressuscitadas”. Todos os dias passo as contas desse Rosário. Juro. William Porto. Inté.