Eta fim do mundo
Cheguei à conclusão de que alguns dos meus amigos têm razão quando me dizem que vim morar no fim do mundo. Vivem me dizendo pra eu voltar para a cidade Grande . Acredito que já estão cansados de me convidar para algum evento, festas de fim de ano, almoços ou até mesmo para um café. Não acreditam que eu, agitada que sempre fui, tenha me acostumado com essa quietude daqui...
É, meus caros, não é só pela idade que a gente não quer mais aquelas emoçōes fortes de outrora. Algumas a gente até sente falta, mas aquelas emoções tais como se ver cercada por meninos, mas em arrastões rotineiros nos grandes centros ou ser obrigada a se jogar no chão, brincando de esconde-esconde, pra que nenhuma bala perdida te ache. Essas não são as emoções que sinto saudades. Hoje, por exemplo, resolvi fazer uma caminhada, sozinha, já com a noite indo embora, pela linha férrea, de Miguel Pereira a Paty de Alferes, uma distância de 8 quilômetros . Lá pela metade do caminho, dois sujeitos, repentinamente, saíram de um canto
coberto por mato e vieram em minha direção. Meu coração bateu forte, transpirei frio, o pânico apoderou-se de mim, tal e qual certa vez na Tijuca , outra vez no Centro e também em Copacabana. Mas agora eles estavam ali! Numa fração de segundo, que parecia não terminar , como foram aqueles cinco minutos, no ônibus, da porta do Bacen à central do Brasil.... Enfim, pensei, é tudo igual ali estavam eles! Eu já quase desmaiava e já pensava em entregar a pochete com o celular, sem reagir, como já o fiz na Candelári, quando eles chegaram e eu ouvi um sonoro e alegre " Boa noite ! " E Seguimos nossos caminhos na paz do Senhor. Naquele instante, confirmei minha decisão .... Definitivamente nunca mais quero sentir daquelas emoções. É aqui mesmo, nesse fim de mundo que fico!
Jandiel
Jandira Leite Titonel