O PODER DAS PALAVRAS

A literatura, como já dizia uma lírica voz da prosa mossoroense, ainda é o melhor remédio. Com a alma salpicada de sintomas de enfermidade e confiante nesta máxima da sapiência literária, mergulho, literalmente neste rio infinito de sabedoria que são as palavras.

Agora elas correm como um riacho. Fluem de minha mente para manchar de tinta este papel que possuía a brancura da paz e a pureza das almas castas.

E minha vida, às vezes, é assim: um estilhaço de andanças perdidas na floresta noturna do esquecimento. Como um caco de vidro desprendido - e perdido para sempre – daquela obra de arte.

Então, quero curar-me. E busco, pois, as palavras que, cortantes como lâminas incisivas, podem dilacerar a alma, fazer em pedaços os sonhos. Fazem cair as máscaras dos que se escondem sob os véus da mentira.

Cicatrizantes como um antídoto... unem as almas dos que outrora se perderam na odisséia de Dante. Reconstroem até mesmo as utopias, ora fragmentadas por outras fortes palavras.

Não sei se é um refúgio, esse buscar as palavras para curar-me, essa busca que se faz, nesta lauda que se reveste de pensamentos hirtos e nos livros empilhados sob a cômoda e que me encaram com olhos de esfinge: Devora-me que eu te decifro!

O que sei é que enquanto escrevo ou leio, tento escutar esse eco que vem de dentro de mim. Tento compreender essas vozes que gritam, que gemem sufocadas por essa angústia (sintomas de enfermidade).

E escrevo sem preocupar-me com o que um possível leitor, venha pensar destes devaneios, destas divagações. - Oh! amigo imaginário, tens o direito de pensares o que quiseres, ou de não pensares nada a respeito, pois, os proventos por esse humilde texto já terão sido pagos quando estiveres lendo.

Terminando já começo a sentir a delícia; inicialmente da cura, seguida de uma noite de sono mais tranqüila, mais... E vale a pena repetir: A literatura ainda é o melhor remédio!

Mossoró - RN