As forças antagônicas
As forças antagônicas não brigam apenas entre elas, mas tem um inimigo comum: aquele que não dá razão plena a nenhuma delas.
As forças antagônicas concordam que, quem não se posiciona do mesmo lado que elas, só pode estar do lado oposto e inimigo.
Ambas as forças antagônicas se sentem mortalmente ofendidas por alguém que questione a própria lógica que opõe os dois lados.
De forma unida, as forças antagônicas concluem que são "pessoas assim" que fazem com que a situação chegue a tal estágio.
- Crucifiquem a pessoa ao centro! - pedem, em uníssono, as forças antagônicas, subitamente irmanadas no propósito do conflito.
As forças antagônicas condenam com força idêntica o "relativizar", que é a inusitada ideia de que ninguém está certo sobre tudo.
Todas as forças antagônicas acreditam na mesma coisa: que o seu lado é o certo, o justo, o moral - e que o outro lado é o contrário.
Como confiam no Absoluto, as forças antagônicas concordam que não existe contradição e que o mundo é até bem simples.
- Preto no branco, oito ou oitenta! - clamam as forças antagônicas, já devidamente salvas da complexidade da vida e do real.
Ai de quem atrai sobre si a ira das forças antagônicas! - ai de quem não escolhe uma torcida organizada e desiste do próprio jogo.