O ano TPM
Anda irritada, ansiosa mais que o normal, com insônia ou sonolência o dia todo? Dificuldade de concentração, fome exagerada ou falta de apetite e depressão? Com uma dor de cabeça constante e retenção de líquidos? Não, amiga, não é aquele momento temido do mês. Você apenas está vivendo em 2023.
Curiosa, cheguei a especular as razões. O que estaria tornando este ano tão especialmente sombrio? Seriam os sucessivos eclipses? Mercúrio retrógrado? A falta de grana? A explosão de diagnósticos de autismo? A separação da Sandy? A guerra entre Israel e o Hamas? A revolta do clima? Já entramos na reta final (outubro), mas noto uma exaustão generalizada desde o começo do ano. E, lendo o jornal, descobri que não é só uma percepção minha.
Relatório divulgado esta semana pela Folha de São Paulo apontou alguns dos fatores que mais têm afetado a saúde mental das brasileiras. Entre eles, apareceram sobrecarga de trabalho (dentro e fora de casa), pressão financeira e o desafio de conciliar múltiplas tarefas. Segundo a ONG Think Olga, 55% das entrevistadas disseram se sentir ansiosas, 49% estressadas, 39% irritadas, 28% exaustas e com baixa autoestima, e 25% tristes.
A pesquisa também apontou que 45% das brasileiras já tiveram diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais. A ONG entrevistou 1.078 mulheres, de 18 a 65 anos, de todo o país.
Não tenho a pretensão aqui de levantar as causas econômicas, políticas, históricas, culturais e estruturais desse enorme desequilíbrio. Vim apenas fazer um desabafo, e dizer que quem também se sente assim não está sozinha.
Que tal todas gritarmos pro universo que não aguentamos novas ondas de calor, desastres naturais e/ou familiares, outra “lição preciosa da vida disfarçada de desafio”, e MAIS NENHUM FIO de cabelo branco em 2023?! 😃 Chega! Cadê a vasta colheita dos frutos plantados em 2022? Onde está o pote de ouro no final do arco-íris? E a quarta temporada de The Chosen, meu Deus?!
E digo mais:
Em 1932, as mulheres conquistaram o direito ao voto.
Em 1988, a Constituição Brasileira passou a reconhecer as mulheres como iguais aos homens.
Em 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha.
Já 2023, pelo menos pra mim, vai ser lembrado como o Ano TPM (ou Ano FDP, você escolhe).
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