O Consumismo e o Vazio Existencial

No mundo contemporâneo, o consumismo é encantadora dança de comprar, descartar, e repetir - ato que se dá no cotidiano das pessoas. Diante disso, Epicuro, o filósofo grego da busca pela felicidade, ficaria intrigado com o fato de que muitos de nós acreditam que a alegria pode ser encontrada em um carrinho de compras repleto de quinquilharias high techs. Nessa anomalia vivida, o pensador afirmaria que a felicidade está em viver com simplicidade. Mas perante as exposições narcisistas, quem se importa com esse sentimento quando há promoções relâmpago?

O Instagram é um laboratório dessa mediocridade, espaço onde todos são felizes, viajam para lugares exóticos, comem pratos gourmet, e onde a depressão parece uma doença exótica. Não há tristeza, apenas uma tediosa felicidade repetida enfadonhamente em selfies de pouca criatividade. O lema aqui é: "se não postou na rede social, você realmente fez alguma coisa?"

Afinal, no grande mercado de emoções, cada like e comentário são moedas virtuais que compram sua autoestima. E não é necessário uma reflexão profunda para reconhecer que algo está um tanto fora do lugar quando alguém ganha um carro novo só por postar uma selfie para milhões de seguidores.

Compramos coisas para preencher o vazio existencial que nos atormenta. E por que não? Uma nova TV 4K pode aliviar temporariamente a sensação de vazio no coração, certo? Na verdade estamos fugindo do verdadeiro caminho da felicidade, que reside na amizade, na simplicidade, e na sábia busca pelo prazer moderado.

Vivemos numa caverna aos moldes de Platão em que apps regulam nossas vidas. O contentamento está em um refrigerante ou em um carro novo. Eles pintam o vazio interior como um grande vazio na geladeira, que só pode ser preenchido com uma cerveja gelada. A alegria na simplicidade é substituída pelo possuir instantâneo, instante em que o prazer dura apenas enquanto o crédito do cartão está disponível.

As prateleiras estão repletas de produtos brilhantes, prometendo felicidade e realização. No entanto, essa busca por satisfação muitas vezes nos deixa com um vazio, como se as aquisições não pudessem preencher o buraco do espírito humano. O frenesi do comprar é uma armadilha em que muitos caem, levando à superficialidade das relações humanas e à volatilidade das identidades. As conexões, como produtos descartáveis, são facilmente substituídas, e a ansiedade de estar "por dentro" deixa-nos à mercê de modismos passageiros.

No meio dessa cultura do descartável e a busca constante por mais é relevante a busca pela felicidade nas coisas mais simples da vida e nas relações genuínas, deixando para trás o falso brilho dos bens materiais. Em um mundo de consumismo, o desafio de sermos não apenas consumidores, mas também cidadãos reflexivos, atuantes nas condições sociais que estamos inseridos. Sermos conscientes das escolhas que fazemos e das implicações que elas têm na sociedade e em nossas próprias vidas.

24.10.2023

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 24/10/2023
Código do texto: T7916043
Classificação de conteúdo: seguro