O TEMPLO DO AMOR DE DULCE (Postado no jornal TRIBUNA DO PAMPA)

Tive o grande prazer de conhecer o templo do amor. Amor puro e sincero, sem necessidade de retribuição, no entanto, ela veio de tal forma que até o Papa ficou em segundo plano em sua visita ao nosso país. Visitei em Salvador, na Bahia, o Hospital Santo Antônio, que nasceu de um desejo de uma pequena mulher: Irmã Dulce (1914-1992), o anjo bom da Bahia. A religiosa católica brasileira dedicou a sua vida a ajudar os mais necessitados, e por vezes “desrespeitou” as normas da igreja em prol de “seus” doentes.

De um galinheiro nasceu o grande complexo hospitalar.

Irmã Dulce foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 10 de dezembro de 2010, passando a ser reconhecida com o título de "Bem-aventurada Dulce dos Pobres". Foi declarada santa pelo Papa Francisco em uma celebração no Vaticano no dia 13 de outubro de 2019. Mais que merecido.

A doce Maria Rita tornou-se Dulce em homenagem à sua mãe. Desde criança, desejava seguir a vida religiosa e, rezava muito, pedindo algum sinal que mostrasse se deveria ou não seguir esse caminho. Ainda na adolescência, começou a desenvolver a sua missão de ajudar os mendigos, carentes e enfermos. Apenas fez. Pediu esmolas e foi corajosa em meio a violência e sua saúde frágil, mas nunca desanimou. Foi uma plantação de amor que gera frutos que são colhidos diariamente.

Quero sair da ideia religiosa e entrar mais no mérito do amor incondicional ao próximo. Ela ouviu que “ela não era Deus”, algo que não precisava ser dito, pois não era sua intenção, apenas nasceu predestinada a fazer o bem sem esperar algo em troca.

Quem procura um Deus pode achá-lo fora das ditas casa “Dele”, pode ser visto em forma de amor, apenas isso. Eu vi e escutei cada palavra dita pela menina que contava a história da santa e apontava as fotos e notícias dos jornais impressos na pequena sala que abriga essas memórias (o memorial original está em reforma).

Talvez esteja escrevendo apenas o óbvio, tudo sobre ela já deve ter sido dito, entretanto, cada ótica tem uma vírgula a mais a colocar na história. Esse legado deixado em suas obras é lindo, é bem feito, é bem cuidado e é de verdade. Uma pequena parte desta história pode ser vista na plataforma Netflix, o filme está lá.

Caminhei em meio à primeira capital do nosso país, cidade que respira cultura e mesmo cercada de lindas praias, celebridades históricas e atuais, centraliza o templo do amor. Se entendêssemos que Deus é apenas amor ao próximo, as galinhas não precisariam ser despejadas para que os humanos fossem cuidados, seria muito mais fácil.

“O que fazer para mudar o mundo? Amar. O amor pode, sim, vencer o egoísmo.” Irmã Dulce