O PAU-BRASIL AQUI DE CASA

A árvore Pau-Brasil com nome científico Caesalpinia echinata, é nativa das florestas tropicais brasileiras, presente no bioma da Mata Atlântica.

Para leigos de plantão, vai aqui singela explicação do que esta icônica madeira representava para coroa portuguesa. Foi a primeira madeira de lei no Brasil, numa tentativa lusitana de impedir seu contrabando por navios europeus roubados da extensa costa do país durante o período colonial. O termo “madeira de lei” definia madeiras que exigiam permissão por Lei para seu corte.

Por seu aspecto duro e resistente foi largamente utilizado na fabricação de móveis, violinos, construção civil e naval. Sua coloração avermelhada acabou gerando alto valor de mercado na Europa.

O Pau-Brasil que envolve de verde a frente aqui de casa, e atinge prováveis doze metros de altura foi aqui plantado há exatos 67 anos, momento que esse logradouro ainda podia ser considerado um mero loteamento desocupado.

Ao longo desse período, daqui de cima, esta espécie carregada de brasilidade assistiu a ocupação de boa parte das encostas do bairro das Laranjeiras e a verticalização de sua principal e homônima artéria.

Hoje, situada entre duas espécimes frutíferas, o dendezeiro e a goiabeira, serve apenas de passagem para a fauna que se alimenta no local. Macacos prego, incontáveis e barulhentas maritacas, tucanos, gaviões dotados de mordida poderosa se dão ao prazer de degustar tanto rubros coquinhos, quanto saborosas goiabas do tipo vermelha. Já uma infinidade de pássaros de menor porte, que abarcam do caga-sebo ao tiê sangue, se deliciam exclusivamente com goiabas.

Na cerca viva, que extrapola os limites do muro, e derrama sua sombra pela calçada abaixo, o hibiscos colibri, como o próprio nome já indica, faz a festa dos beija-flores locais, que com a costumaz elegância, e dotado de compridos e curvos bicos que favorece o sugar do líquido das vermelhas flores, enquanto caga-sebos, fazem das tripas coração, para se agarrarem nas folhas, e assim aos trancos e barrancos também partilhar esse energético alimento.

No quesito tronco, ele descama como uma jaqueira, cheguei mesmo a usar as lascas como suporte de orquídeas em pequenos vasos. Todo cuidado é pouco na hora de manusear seus galhos, pois espinhos pequenos e resistentes abundam em seu tronco.

Difícil mesmo é lidar com suas folhinhas, patriotas assumidas, em seus um ou dois centímetros de comprimento, variam tonalidade entre um verde fulgurante que se transforma num discreto amarelo. De tão pequena e leve, essas folhinhas não necessariamente caem, muitas vezes um golpe de ar as arremessa para dentro das janelas aqui de casa.

Dá paz conviver com essa multifacetada flora e fauna disponibilizada diretamente da varanda, ou enquadrada pelas janelas do quarto de dormir e acordar com ao sol nascente nessa organizada sinfonia que é o amanhecer aqui no alto das Laranjeiras.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 24/10/2023
Código do texto: T7915789
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