Mundo Líquido
O mundo líquido de Zigmunt Bauman - sociólogo polonês, nos atinge de uma forma tão melancólica que acabamos nos afundando nessa liquidez transbordante.
Sabemos que a vida é efêmera e passa num piscar de olhos. Assim que nascemos já estamos fadados á morte. E nesses líquidos que nos envolvem a cada amanhecer, mergulhamos numa profundidade tão complexa de silêncios e atordoamentos, que nos confundimos com prazer.
Posso dizer que consigo viver com a minha própria companhia, porém, desdigo algumas vezes que algo dentro de mim não vai bem. Então, aos olhos de outros, sou uma solitária. Mas vivo na solitude.
O Dilema do Porco Espinho, - livro que li e degustei do professor Leandro Karnal - está inserido nos meus episódios de solidão. Me sinto livre mesmo precisando de um outro corpo para me aquecer, aliás, somos mamíferos e sociáveis, mas costumo me aquecer com edredons, alguns autores, filmes e com os meus gatos.
Eis o dilema do porco espinho, uma metáfora para procurarmos outros seres humanos; mas os espinhos nos ferem e logicamente nos afastamos.
Então, os líquidos continuam deslizantes e mudamos a cada passo, a cada atitude; a cada situação. Somos mutantes porque vivemos. Um dia a morte virá e já não seremos mais líquidos ou pastosos e seremos apenas o pó que permanecerá na nossa história.
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Beethoven Moonlight Sonata.