QUE HAJA LUZ! (Fiat Lux)
Eu gosto disso: ficar silente me embalando numa rede preguiçosa, sentindo o vento bagunçar meus cabelos castanhos e ver o aroma de camomila subir em forma de espiral pelo ar, tudo isso enquanto ouço Bach tocar e lendo algumas linhas de Clarice Lispector. E sem qualquer aviso prévio as palavras quiseram passear pelo papel.
Achei mesmo que nunca mais escreveria uma linha sequer, mas a literatura dessa ucraniana me causa esse mal de escrevedor. Escrevo para mim, essa pessoa que crer em tudo, que apesar de respirar num mundo inóspito, romantiza a vida. Sou assim mesmo, acredito em tudo até que quebrar a cara me prova o contrário. É a minha benção e maldição. Minha ferida e o meu antídoto.
Ainda ando cercada pelos livros e linguística, pelas fotografias, pela dança, pela arte, pela música, pelo esoterismo, pela espiritualidade, pela ufologia e astronomia. Esse mosaico de interesses representa o meu eu interior. Mistura doida. Sou um ser de dualidades, boa e má; santa e profana. Aprendi muitas coisas, a mais importante foi: me reconhecer dentro da escuridão do nada e me fazer luz.
A arte da vida é sempre poder (re)começar a partir da própria implosão. Não foi assim que o mundo surgiu segundo a ciência do homo sapiens?