Silêncio...o celular se sofisticou...
Silêncio... O celular se sofisticou (reedição)
O novo universo de comunicação que se apresenta no século XXI traz centenas de vantagem para o dia a dia do cidadão comum, mas tem sérios efeitos colaterais.
Por exemplo, o telefone celular. É claro que ele encurtou distâncias, principalmente porque os mais avançados, na realidade são minicomputadores. Neles se pode navegar na internet, consultar o novo guru da sociedade moderna: o Google. Num olhar panorâmico pelas cidades do mundo, e entre elas, São Paulo no Brasil, é quase impossível conhecer um cidadão sem um celular na mão. Nos bares, cafés, nas ruas, praças, enfim; onde há um cidadão, há um celular.
Há um ritual, todos de olhos nas telinhas, de cabeça baixa, e, é claro trocando mensagens, ora por trabalho, ora por laser; falando com amigos, namoradas etc.
O curioso, e que o hábito de conversar ao vivo, e a cores vem desaparecendo. Tem horas que a gente vê um cidadão caminhando pela rua, e pensa que ele está falando sozinho, mas na verdade, ele está no celular falando com alguém, sabe-se lá há que distância.
Como estes novos aparelhos também possuem jogos virtuais, eles ocupam a mente dos cidadãos o tempo todo. É comum o diálogo: - Posso falar com você? Espera eu terminar este joguinho, ou já falo, estou passando uma mensagem. Isto quando a pessoa é educada, tem algumas que nem se dão ao luxo de responder... Espera um minuto! E só depois do final do jogo, somos atendidos.
Catabum! Na esquina um tremendo estrondo. Um carro amassado. Um ciclista atropelado. É um acidente de trânsito! Alguém estava no celular... Isto virou rotina nas cidades, apesar das pesadas multas para quem for pego dirigindo, e falando ao celular ao mesmo tempo.
A conversa entre amigos é substituída, muitas vezes por estes jogos virtuais. É comum ver um grupo, lado a lado, todos com celular em ação, mas nenhuma palavra.
Às vezes quero matar minha esposa (acho que extrapolei... risos). Ela sentada ao meu lado no sofá e não me dirige a palavra. Fico raivoso!
Minha grande preocupação é com as crianças. Antes quando minha neta de apenas sete anos, vinha a minha casa; nós brincávamos muito (de esconde-esconde, médico etc.), agora, a primeira pergunta que ela faz quando entra em minha casa, é: vovô, onde este seu celular. E daí meu amigo, nem mais uma palavra. Ela através do Yotube entra no mundo da solidão. Ela e os vídeos, e mais nada, sem conversa, carinho ou contato humano.
Nem mais o velho computador, nem o tablete chama a sua atenção. Nem mesmo eu, o querido avô. Nem nosso cachorro, o Spok. Agora tudo que ela precisa está no celular. Nela ela se comunica com a mãe, com a avó materna. E lá se foi o fim de semana. Ela foi embora, e eu fiquei sem aproveitar os poucos e bons momentos que uma criança proporciona. Fiquei de celular na mão, em silêncio, como milhões de pessoas por este mundo afora.