A MAGIA DOS ENSAIOS

Tem coisas que acontecem na vida, que você nunca parou para pensar a respeito, ou mesmo para olhar de perto. E de repente, quando você toma consciência da coisa, já embarcou naquela historia de “deixa vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço, a tudo que Deus me deu”.

Quando entrei para o primeiro coral, achei aquilo tudo meio estranho, me senti como no período, que fiz fortalecimento da musculatura do joelho, com aulas de hidroginástica. Eu podia ser considerado a própria avis rara, naquele ambiente de mulheres, que além de idosas, não descansavam sequer um segundo boca e ouvidos. Impressionava a generalizada capacidade pulmonar do grupo, que mesmo falando, dava conta da série de exercícios, que a professora tão bem sequenciava, sem levar em conta, a barulheira naturalmente produzida.

No ambiente musical dos ensaios, fui gradativamente constatando, que boa parte do plantel de atletas aquáticas, também estava ali, mas desta vez visando soltar a voz em definitivo.

Se no início dos trabalhos, ainda rolava certo constrangimento em relação às conversas, agora, a maestrina precisa usar de toda sua autoridade, para acalmar os exaltados ânimos.

Impressiona a capacidade e dedicação desses pouco reconhecidos profissionais da música, que conseguem gradativamente transformar esse exército de Branca Leone em um coral, ou algo muito próximo. Depois de muito trabalho levado a cabo, você de repente passa a conseguir respirar no momento certo, e além de empostar, ser apresentado à nova voz, que até então, se conservava inerte no seu ser. Agora, nem você acredita que aprendeu a entrar na música no tempo certo, e ainda colocar essa nova voz, recém descoberta dentro daquela harmonia tão almejada.

Essa evolução musical, por incrível que possa parecer, acontece de forma contagiosa, e assim, o grupo ganha identidade. Agora, essa equipe vai precisar mostrar que ensaio e apresentação, funcione da mesma maneira, oposto daquela máxima do futebol, onde todo mundo sabe que, “treino é treino, e jogo é jogo”.

Pode até parecer propaganda enganosa, mas quem participa de um canto coral acaba aprimorando seu ouvido musical e desenvolve a técnica vocal. Ensaios, por seu caráter eclético, permitem a você desenvolver técnicas, estilos e até repertórios.

Ainda não tive o tal batismo de fogo, mas quando chegar, virá em dose dupla certamente, pois a convite ingressei num segundo coral, e talvez até em dose tripla, pois fui convidado recentemente a participar de um terceiro coral.

Essa facilidade de acesso a novos corais, resulta da dificuldade de encontrar no mercado, homens dispostos a cantar. Por isso mesmo, alguns grupos corais tem o corpo exclusivamente feminino.

Ainda não tive tempo de convívio, para desfrutar um dos mitos vinculados aos corais, essa tal da sociabilidade, pois essa opção incentiva a socialização, além de estimular os grupos, a estabelecerem laços de amizade e respeito entre si. Afinal, cada um tem sua responsabilidade, e precisa desempenhar seu papel em favor da coletividade, que resulta em perfeita harmonia.