Relendo Jorge Amado
CONFESSO que estou farto do noticiário sobre a guerra. Fico tenso, nervoso, revoltado, principalmente com posição dos EUA que não querem mesmo uma saída para o conflito. Acho lindo os esforços do papa é do governo brasileiro. Mas os belicistas preferem chocar o ovo da serpente e, quem sabe, promoverem um apocalipse.
Então prefiro ficar relendo romances que li há 30 e 40 anos, caso dos livros de Jorge Amado, para mim o melhor escritor brasileiro de todos os tempos. É minha opinião. E priu.
Por outro lado, não ligo pirocas nenhuma se meus textos não tem muitos acessos. Não escrevo para agradar. Escrevo o que quero. Simples assim. Outro ponto: não ligo a mínima para o tal politicamente correto. Estou me lixando para essa patrulha . Não visto camisa de força.
Volto a Jorge Amado. Estou terminando de reler o seu primeiro romance, “O País do Carnaval”, onde ele antecipou o seu estilo fascinante com a aventura de Paulo Rogério. Acho porreta O Poema da Mulata Desconhecida, o qual sem dúvida ainda enfurece os beatos e beatas e o tal politicamente correto. Vou transcrever o poema:
“Eu canto a mulata dos freges/ de São Sebastião do Rio de Janeiro…/ A mulata cor de canela./ que tem tradições,/ que tem vaidade./ ( essa bondade que faz com que ela abra/ as suas coxas morenas./ fortes, serenas/ para a satisfação dos instintos insatisfeitos/ dos poetas pobres e dos estudantes vagabundos)/ É entre suas coxas sadias/ que pousa o futuro da pátria. / Dela sairá uma raça forte./triste/ burra,/ indomável./ mas profundamente grande/ porque é grandemente natural,/ toda de sensualidade./ por isso, cheirosa mulata/ do meu Brasil africano/ (o Brasil é um pedaço d’África,/ que emigrou para a América, / Nunca deixes de abrir as coxas ao instinto insatisfeito/ dos poetas pobres / e dos estudantes vagabundos,/ nestas noites mornas do Brasil,/ quando há muitas estrelas no céu e muito desejo na terra”.
Com certeza ler o baiano é melhor que assistir o noticiário sobre a guerra. William Porto. Inté.