QUE CESSEM OS MÍSSEIS DE DENTRO DE NÓS!

"era um garoto que como eu..."

Sim, era uma geração que conheceria os BEATLES E OS ROLLING STONES"...

e que também cantaria pela extinção das guerras, as que nunca cessam.

Eu era ainda bem criança, nos meus... talvez cincos anos de idade, quando do meu pai ganhei um violãozinho de plástico que eu sonorizava para a vizinhança.

Com a garganta estridente, lembro que eu escalava o muro do jardim de casa, o que dava para a calçada de vários transeuntes , e de lá eu me esgoelava na versão brasileira dos INCRÍVEIS, para quem quisesse e não quisesse ouvir, a versão da canção italiana "C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones", dentre as tantas canções feitas em protesto à Guerra do Vietnã que já seguia há tempos.

E quantas viriam depois...

-RATATATATÁ!

-Chega, menina!- me gritava minha mãe.

Quando se era criança, daquela ida era não digital, a gente nunca sabia muito bem o que são "guerras";

(Hoje sabemos que são tantas e todas elas deflagradas no íntimo fragmentado das gentes!); não sabíamos, a não ser que presenciássemos a materialização delas na nossa proximidade, hora na qual se cresce de repente, na marra, a se ver e sentir, de perto e com todos os sentidos, os horrores que a Humanidade parece estar selada a praticar.

Horrores que ficam para sempre.

Naquela época, de fato, o sistema de comunicação entre o mundo próximo e o distante era incrivelmente diferente da nossa era internética, atualmente de comunicação em "tempo real", a do nosso tempo de "status "humano paradoxal, onde a Inteligência Artificial promovida pelo Homem nos coloca em confronto com a nossa própria insanidade incongruente de seres "inteligentes", já que tudo indica que "trabalhamos" também contra nós mesmos.

Construímos civilizações milenares e nos desconstruímos ao toque dos dedos...

Montamos torcidas organizadas "on line" que , com certo fanatismo inexplicável à razão, acompanham os horrores das guerras como se num COLISEU DIGITAL da contemporaneidade.

Não sei se é correto dizer que aprendemos algo de bom com as guerras, mas penso que aprendemos, ao menos, a repensar muito sobre nós, a dita Humanidade.

A primeira lição sobre nós é a que chega de nós mesmos: somos uma HUMANIDADE DESUMANA, esse é o maior paradoxo.

E depois seguimos a aprender com o cenário do Homem dito "ser sociável" mas que comete barbáries contra si mesmo; e caminhamos moribundos, como seres cada vez mais segmentados pelo mundo afora; cada vez mais ilhados em nós mesmos, centrados no ego armado e posicionado hermeticamente e cercado de egoísmo diferenciado por todos os lados.

Construímos um Planeta crescentemente INÓSPITO . O que vemos é meramente fato consumado do que já sabíamos.

Penso ser a guerra apenas a consequência óbvia e anunciada a um Planeta que perdeu o rumo no auto GERENCIAMENTO.

À medida que nos distanciamos da importância da promoção da Justiça e da Paz nos aproximamos da morte anunciada pelos quatro cantos do mundo.

Sem Justiça, minimamente promovida ao todo, sequer se germina a paz em lugar algum!

E a internet ajuda a disseminar as diferenças que geram tensões numa velocidade assustadora...

A justiça dos Homens está morta faz tempo...talvez seja esse fato o impulso mais flagrante para tantas guerras sincrônicas.

Onde há interesse político jamais haverá Justiça verdadeira, porque tanto ego individual é conflitante com o interesse coletivo.

Difícil no mundo de hoje acreditar que, dentro do conceito de POLÍTICA, uma dita CIÊNCIA que surge lá atrás para tentar satisfazer as necessidades básicas das POLIS e com o proposto objetivo de MELHORAR A VIDA DAS PESSOAS, possa, diante da verdade calamitosa do hoje em dia, fazer jus ao seu conceito social e semântico, atualmente totalmente fora das barbáries cometidas, diante toda sorte inglória que se descortina.

Sinto que falimos enquanto Humanidade frente às mínimas ações intrínsecas de seres humanos.

Difícil entender MINIMAMENTE que OS JUÍZES DAS GUERRAS FAZEM GUERRAS.

Que os que lamentam todas as mortes promovem mortes em massa sob todas as variadas formas...de se morrer...

Que os que aconselham segurança precisam urgentemente ser aconselhados...despertados e libertados das próprias mãos que oprimem a liberdade de muitos.

Que os que gritam pelos corredores humanitários fazem corredores de morte.

Que os que falam em Paz, promovem e lucram com armas e dores múltiplas das guerras.

Que os holofotes midiáticos aos conflitos guerreiam e sangram mais pelos interesses das audiências das telas do que com as reais dores que jazem nas terras arrasadas dos campos de batalhas.

Que as retóricas são como mísseis direcionados que disparam nos céus sobre às tantas terras das falácias dos nadas...

Que os "iron- domos" interceptam mísseis...mas não as ideologias que matam aos quatro ventos.

Que os tantos donos do mundo perderam o rumo do próprio mundo caótico e arrasado que ainda acreditam possuir.

Mas não perderam a empáfia patética.

-Ratatatá! É o som que ecoa aos quatro ventos da insanidade. Parece carma que não para nunca...

Mas aqui, quero falar de amor agonizante, o único "iron-dome" capaz de interceptar os mísseis dos ódios com cem por cento de eficácia , a nos salvar de todas as guerras geracionais.

Digo que eu carrego minhas "stones " , mas só as da triste poesia que também eclode dos campos minados...e eu as atiro mundo afora com a força do pensamento machucado.

Tento ,naquele meu violãozinho de sempre,me procurar para recantar como aquela mesma menina, a que cantaria os BEATLES E os ROLLING STONES. Seriam tantas as guerras vindouras...

Busco ser a criança que nunca abandonou a beleza da música como força de remédio aos Homens insensatos, aquela primeira arte que evoca todos os deuses a acalmar as dores da Terra.

É bom imaginar como John Lennon um dia poetou :

-"IMAGINE"...MOS!

Que possamos um dia renascer, DAS CINZAS, a nossa natalidade, na qualidade de HOMENS DE HUMANIDADE, todos a sonhar com o verso da urgente poesia.

"War is over!" (Jonh Lennon)

Eu penso que, para que cessem as guerras, é preciso desativar todos os mísseis armados dentro de nós.

Essa é a única cura na qual eu acredito...