QUANDO VOLTEI À MINHA CIDADE DA INFÂNCIA.

VÁCUO DA SAUDADE.

É um vácuo existencial.

Um interregno de desligamento.

Uma estrada longa...

É assim que defino minha separação de Amambai.

Achei que nunca ia voltar pra rever pessoas remanescentes.

A vida foi me levando.

Os anos foram passando.

As vezes esquecendo, as vezes lembrando.

Mas, sempre uma pergunta em meu interior.

Quando voltarei?

Será que esse dia chegará?

Sim. Minhas dúvidas eram palpáveis e equidistante da realidade atualizada.

Eu já vivia outra história.

As raízes estavam espalhadas por outros pagos.

Como voltar?

Retornar por retornar?

Quem encontrarei?

Aonde me hospedar?

Quem visitar?

Quem ainda vive por lá?

Eram indagações fluentes.

Mas, só sei que era o que desejava.

Como estaria a cidade?

Será que a minha antiga casinha ainda estaria de pé?

Quando eu não estava pensando nisso eu sonhava!

Faltava-me a oportunidade...

Mas, como?

Não tinha mais parentes.

O tempo apagou as minhas pegadas.

Ninguém vai me reconhecer...

Eram as indagações que teimavam em fervilhar meu coração.

Mas, Deus ouvia as minhas preces.

Um dia Ele fez chegar aos meus ouvidos um convite inusitado: Vamos passear em Amambai?

Era um outro conterrâneo que também ansiava por essa visita.

Um grupo de amambaienses (aqui da Capital) iria ser recebido em Amambai por antigos amigos que ali tinham fincado raízes.

Claro que topei!

Cheguei ao anoitecer sob um calor de ‘amargar’.

Ao adentrar na cidade vi a diferença que os longos anos (que dali me separavam) tinham desenhado uma urbe de arquitetura progressista.

Naquela noite não dormi direito pela ansiedade, pelo calor e pelo ar diferente que entrava nas minha narinas.

No outro dia à noite haveria (depois do futebol) a recepção e sobrariam algumas horas para o tur de reconhecimento.

Foi o dia mais importante de minha vida. Sabe o que é ter uma cidade encrustada na mente pelo fervor da adolescência e depara com uma metamorfose de mudanças?

Meu anfitrião foi atencioso e me levou em todos os quadrantes da cidade.

A cada rua, quadra ou esquina era uma surpresa.

Até o morro desapareceu no que tange aos seus campos de gravira pra dar lugar a bairro bem povoado.

No final do dia eu estava extasiado em face a todas mudanças que presenciei.

Aí, pra variar a temperatura mudou de trinta e sete graus para quase zero de um dia pra outro.

Curial. Era Amambai das geadas e dos frios de arrepiar.

Foi uma noite inesquecível. Revendo gente. Ninguém sabia quem eu era a não ser quando eu dizia que era filho do leiloeiro das quermesses.

Aqueles dois dias que passei em Amambai foram mais significante do que as viagens que eu fazia para visitar as praias Tupiniquins.

Achei que devia descrever estas minhas emoções para que todos os amambainses que ainda vivem em Amambai possam saber como tenho gratidão por um dia ter pertencido a esse torrão de areia e de campos cheios de graviras.

Aliás , essa sensação não é só minha uma vez que tal emoção é compartilhada por todos os conterrâneos que aí viveram no período de sua infância

Viva Amambai!

Machadinho
Enviado por Machadinho em 15/10/2023
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