O VESTIDO PRETO

Foi na loja de Dona Mafalda que o comprei. Precisava de um vestido longo para comparecer ao casamento de meu chefe, o Nelson. A cerimônia religiosa foi no início da noite, depois os convidados foram recepcionados em um clube da cidade de União da Vitória, onde ficava a fábrica e o noivo residia. Eu trabalhava para a companhia no escritório de exportação de Curitiba.

Nelson fez questão que fôssemos, até reservou e pagou as diárias de hotel onde ficamos hospedados, meu marido e eu. A cerimônia religiosa foi muito bonita e a festa também. Havia muitos convidados. Após o jantar foi servida sobremesa bastante original, composta de uma variedade de doces árabes, uma vez que a mãe do noivo é de origem libanesa. E a festa se prolongou pela madrugada, com música de orquestra, ao vivo, e baile.

Fiz bonito com meu vestido preto, de alças, sobre os ombros um casaquinho curto bordado de miçangas que dava ao conjunto um discreto brilho. Uma fenda lateral me deixava sexy e me dava mais liberdade de movimentos para dançar. Eu era uma jovem senhora e me senti bonita naquele vestido.

Hoje, passados tantos anos, não tenho mais o vestido preto que usei naquela ocasião. Já não me servia, envelheci, ganhei alguns quilos e também não tenho mais aquele corpo esbelto de meus trinta e poucos anos.

Entretanto, a imagem indelével daquela festa permaneceu em minha memória, como um momento feliz e alegre. Sempre li nas revistas de moda que toda mulher deve ter um “pretinho básico” que serve como um coringa para fazer bonito em qualquer ocasião. Este, usado no casamento, não era tão simples assim, porém  discreto, charmoso, foi usado outras vezes em ocasiões festivas às quais compareci.

O único senão daquele casamento com pompa celebrado foi que durou só dois anos. O casal se divorciou e cada um seguiu seu caminho. Que pena, porque para mim restaram somente boas lembranças!