Canta não...

Ah, canta, cigarra.

Canta. E

entristece meu entardecer.

Canta até explodir o peito.

O meu explode ao te ouvir.

Seu cantar, cançonetista, me faz é voltar no tempo, olhando lá para trás, e o meu coração se arrocha, e sangra e pranteia noites que chegavam com vagar.

E era enganchada na noite que vinha a saudade doída não sei de quê, nem de onde, nem de quando. Eu só sei que ela chegava. E macerava meu coração infantil e desentendido.

O seu canto insistente, estridente e sazonal, continua provocando a mesma saudade não sei de quê...

Ah, não canta, cigarra.

Não canta.

D. Santiago

13/10/20

Desirée Santiago
Enviado por Desirée Santiago em 13/10/2023
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