Hoje conheci Dona Belmira
Sento-me impaciente presumindo demora para ser atendida. Nas mãos, confiro o número gravado no papel e calculo o tempo na tela luminosa. Estou em um laboratório médico. Percebo alguém sentar na cadeira ao lado. Uma senhora de aparência simples e idade avançada, esboça um sorriso pra mim. Percebo que não possui dentes. Mas seus olhos brilham em ternura. Sou confiscada por uma onda boa de energia. E ela me pede ajuda: “Moça, bom dia! Conhece este lugar? É minha primeira vez aqui. Minha filha foi procurar lugar para estacionar”. Quando me dei conta lá estávamos contando sobre nossas vidas. E tinha o mais belo e sincero sorriso que já conheci. Nem senti o tempo passar. Foram-se a pressa e impaciência. Então, o letreiro me chamou. Ah…quisera eu q demorasse muito mais tempo. Levantei-me relutante e me despedi. Quando retornei, ela não estava mais lá. No caminho para casa, pensei em Dona Belmira. E à ela, mentalmente agradeci. Fui brindada pelo brilho daqueles olhos, cujo tempo não apagou. Desfrutei da fala doce, gentil e plena de afeto. Senti ternura, pureza e incrível força humana, naquela frágil mulher. Imaginei as tantas lutas travadas. A fé, a esperança, a integridade dos verdadeiramente bons. Naqueles breves minutos, foi minha mestra. Minha calmaria. E o reforço de que o bem realmente existe. E ele nos faz renascer. Obrigada, Dona Belmira!