A ORQUIDEA NO LIXO
Alguém toca a campainha. Vou atender e me deparo com o zelador do prédio à porta de meu apartamento, tendo nas mãos um vaso de orquídeas, sem flores.
Ele, sabendo que gosto muito de plantas e flores, veio perguntar-me se quero ficar com o vaso que encontrou no lixo. Alguém deve tê-lo recebido numa data festiva, enquanto exibia bela inflorescência e, agora, passada a floração, descartou-o.
- Sim, respondi. Vou cuidar da planta. Pode deixá-la comigo.
Acomodei o vaso sobre uma mesinha da varanda e, uma vez por semana, dou-lhe água, sem falta.
Viajei por dez dias. Ao voltar notei que a planta lançou novas raízes aéreas e um pequeno pendão projeta-se por entre as folhas. Será uma surpresa de belas flores, das quais ainda não sei o aspecto ou a cor.
A espécie é Phalaenopsis, originária do sudeste asiático - Tailândia - Indonésia - Malásia - Filipinas, ultimamente muito cultivada e apreciada por aqui.
Todos os dias vou até a sacada para ver como ela se desenvolve, se brotaram novas folhas ou raízes e acompanhar o crescimento da haste onde irão desabrochar as flores. Um exercício prazeroso essa expectativa do desconhecido. Como pode uma pequenina planta, encontrada no lixo, trazer tanta alegria?