O colecionador

 

Passei em uma loja de gibis e games de Charqueadas e, conversando com o atendente sobre a história em quadrinhos (HQ) de minha preferência, Tex Willer, ele disse em certo momento da charla:

- Espero que o senhor não entenda errado o que eu vou dizer, mas não vejo gente jovem lendo esse gibi, só veterano.

- Perfeita a tua observação - respondi. O público do Tex é de trinta pra cima.

 

Tex, entretanto, ainda vende bem em bancas e na internet (Mercado Livre e afins), tanto que, no furto ocorrido há poucos dias na Biblioteca Municipal de Charqueadas, levaram ele, Tio Patinhas e Homem Aranha e deixaram outros, como Hulk, Capitão América, Monica, Cebolinha, Cascão, Mickey, Pateta e Pato Donald. Contudo, o pessoal que o consome é de mais idade, por ter sido criança nos anos 1970/80/90 ou por ter recebido a influência destes. A HQ é publicada pela italiana Sérgio Bonelli Editore e distribuída em vários países, como Brasil (pela Mythos Editora), Portugal e Argentina, para citar alguns. A Bonelli tem na Itália uma força editorial que se compara a que Maurício de Sousa possui no Brasil, sendo Tex o seu carro chefe, assim como Mônica o é no mercado brasileiro de quadrinhos.

 

Recentemente, como já escrevi aqui, ocorreu o evento Uma Tarde Bonelli na Biblioteca Pública do Estado (BPE), em Porto Alegre, e a absoluta maioria dos presentes possuía mais de 40 anos e, fato difícil de se ver, grande parte estava na faixa dos 60 e 70 anos. Sim, Tex é um gibi de coroa e de velho, basicamente, mas possui um colecionismo fortemente estruturado pelo Brasil inteiro, diria até militante, com cosplayers espalhados por vários estados e com eventos anuais reunindo-os.

 

Para mim, estar entre tantos outros colecionadores de Tex foi uma diversão, num encontro que debateu a sério o quadro atual da venda de quadrinhos no Brasil, no geral, e o futuro de Tex por aqui, em particular. Dorival Lopes, diretor da Mythos, esteve na BPE, onde foi um dos palestrantes.

 

O colecionador de gibis é, sobretudo, um apaixonado pelos quadrinhos, sem idade limite para expressar e compartilhar seu gosto pessoal. Inclusive foi através de Tex que eu comecei a colaborar com o jornal Portal de Notícias, quando de uma entrevista para a jornalista Viviane Borba em que mostrei minha coleção, igualmente intitulada O Colecionador, em novembro de 2011.