A GUERRA DE IMAGENS
POR JOEL MARINHO
Em uma guerra real sempre haverá grandes violências e os homens que dela participam, sejam os perdedores ou os vencedores dentro desse processo cometem as mais terríveis atrocidades as quais só os “animais” chamados de humanos são capazes de cometer.
Mas desde que a imprensa foi criada as guerras não ficaram apenas nos campos de combates e nas lembranças dos soldados os quais participaram diretamente delas, elas migraram para as narrativas dos jornais impostas pelos jornalistas profissionais que passaram a acompanhar mais de perto as batalhas.
Com a invenção da fotografia a guerra das imagens ficou mais nítida eternizando vários momentos da história, algumas delas causando efeitos positivos ao se tornar fator relevante para levar ao fim de algumas guerras como foi a foto da menina vietnamita Kim Phuc Phan Thi mais conhecida como garota Napalm, já outras só foram para alimentar ainda mais o ódio e também o sofrimento dos familiares que acabam sendo obrigados a conviver com a vinculação dessas imagens.
Com essa nova versão de imagem em vídeos que qualquer pessoa com o mínimo de habilidade pode fazer e com uma tecnologia imagética cada vez mais rápida encabeçada pelos celulares essa guerra se tornou mais acirrada e usada como troféu por grupos políticos que busca desestruturar o outro de qualquer maneira sem nenhuma ética ou pudor e, diga-se de passagem, não é apenas um grupo específico, todos ou quase todos se beneficiam dessa estratégia sórdida politicamente.
Por exemplo, essa semana no senado federal brasileiro um senador usou imagens de supostas decapitações de crianças israelenses por integrantes do grupo Hamas para justificar a morosidade do governo federal brasileiro em apoiar direto e exclusivamente a Israel.
Se as imagens são reais ou não é algo difícil de sabermos, principalmente com a manipulação cada vez mais bem feita e quase impossível de detectar, mas a guerra midiática e sórdida que beira ao sadismo, é nítida quando se usa esse tipo de imagem na tentativa de promoção política barata e sem noção, seja quem for que use independente de lado.
Sabemos que isso está longe de acabar, na verdade não vai acabar e seria impossível pedir noção a quem não sabe o conceito de noção ou ética. Pior de tudo é termos que conviver com essas pessoas sádicas que procuram se promover de qualquer forma, mesmo que essa forma venha prejudicar alguém individualmente, milhares, milhões ou até bilhões de pessoas dependendo da posição social e política de quem utiliza essas imagens, visto que a maioria do povo segue seus líderes políticos e/ou religiosos de maneira cega como a ovelha segue o seu pastor até mesmo para o matadouro sem se preocupar com as consequências.
A guerra real mata milhares e deixa muitos traumas em quem sobrevive, mas a guerra midiática pode matar milhões e suscitar ainda mais violência e consequentemente mais guerras.