O tempo é um senhor calvo e não olha onde pisa
Primeiro relato
- Filho, você pretende casar com essa mulher?
- Sim, pai. Encontrei minha metade...
- Metade? Essa mulher tem olhos de quem mata marido dormindo. Metade...!
- O que é isso, pai? Matilde não mata uma mosca...
- Mosca não fala, não pensa, voa alto... O ‘tempo’ dirá quem tem razão.
Quinze anos depois Matilde, com auxílio de um novo amor e um primo envolvido com drogas, matou sua metade.
Segundo relato
- Amor, você não acha que seu irmão mais novo é gay? Fala, anda e se veste tão diferente...
- E se for, você não vai casar comigo?
- Claro que vou! Só fiz uma perguntinha... Nada a ver, acontece que foram meus pais que comentaram...
- Comentaram o quê?
- Que seu irmão não gosta da uva.
- E daí? Sua mãe não gosta de mandioca faz ‘tempo’ e ninguém da família reclamou...!
Terceiro relato
- Primo, desculpe a franqueza: mas sua nora é soberba, nojenta. Que azar, né?
- Não chega a tanto, Pedro. E pais não escolhem nora e genro e com o ‘tempo’ a gente...
Oito anos depois.
- Seu Pedro, a cirurgia da vesícula correu tudo bem. Graças, em parte, a confiança que o senhor disse ter em nossa equipe médica. Isso ajuda muito. E descobri que o senhor é primo do meu sogro. Estamos em família.
Quarto (e por ora, último) relato
- Mas compadre, seu filho colocou nome da primeira filha de Felicidade... Estranho, né? Quando ficar adulta irão chamá-la de Fê, de Ade... Essas coisas de colocar nomes estranhos em filhos não dá certo. Você não falou nada?
‘Tempos’ depois o filho desse compadre colocou o nome de Custódio no seu primeiro filho.