FALO, FALAS, FALA...

Falamos o mesmo idioma, desde os pontos mais extremos em quaisquer direções deste Brasilzão, que os eloquentes costumam chamar de “continental”, e felizmente nos entendemos muito bem.

Claro que há pessoas que quando falam, ficamos a desejar a tecla SAP até que os ouvidos se acostumem e o cérebro reconheça os reais significados do que está sendo dito.

São os regionalismos que se não forem universalizados para todos os falantes do idioma, fatalmente dará origem aos dialetos e posteriormente novas línguas, sendo exemplo mais próximo o latim que deu origem às línguas românicas, italiano, francês, espanhol e o português que são línguas amplamente difundidas além das outras línguas restritas a pequenos rincões do velho mundo.

Além da variação de sentido, é notável como a vocalização difere de local para local.

Ainda hoje, já se vão mais de dez anos da minha mudança de Pernambuco para São Paulo, me surpreende agradavelmente, a maneira de falar e os regionalismos dos nativos ou emprestados, como eu, nessa Babel dos novos tempos.

A maior parte das falas começam com o advérbio ENTÃO, mesmo que não tenha nada a ver com o que será dito.

Na feira livre ou supermercados, quaisquer vegetais são chamados de “legumes”.

Que se danem os taxionomistas da Botânica que descreveram a Família Leguminosa para aquelas plantas cujos frutos têm forma de vagem como feijão, ervilha, grão de bico, amendoim, pau-brasil, flamboyant...

É difícil encontrar um verdadeiro legume entre as batatas, cenouras, brócolis, couve flor, beterrabas, chuchu, pepinos, abobrinhas, rúcula, alface, cebola, tomate, pimentão, etc. nas intituladas saladas de legumes.

Talvez para corrigir tal aberração, os dicionaristas que sabem muito de linguagem, mas pouco ou nada de Botânica, acrescentaram ao verbete LEGUME - nome genérico para qualquer hortaliça.

Em lanchonete do Recife você pedirá um pão torrado, aqui é “na chapa” e, se quiser sem o miolo, peça um “pão canoa na chapa”...

No Recife, qualquer homem ou menino é Seu Zé ou Zezinho, aqui é Mano.

A interjeição por qualquer coisa fora do cotidiano, no Recife é vixe, óxente; aqui é mamma mia; puxa vida; “ôrrrrra, meu! ” (sendo a pronúncia do erre linguodental e bem prolongado),

Quando agradecemos, a resposta imediata é “Magina”; síncope da palavra e corruptela da frase “imagina se isso é motivo para agradecimento...