Seu cantar faz recordar

Na copa do pé de jacarandá estufa o peito sai um som que é melodia para meus ouvidos, recordo com saudade a força perdida de um jovem derrissando os frutos do cafezal. Nos altos elevados das notas musicais deixa os olhos deste idoso sentimental marejado. Na verdade estou cercado de 4 (Quatro) paredes, e um quadro pintado a óleo de uma sede num pico do morro e uma colônia acompanhando a curva da estrada. Como a moldura de madeira e nos cantos foliadas que dá um brilho prateado a obra-prima aproxima mais da natureza, no cotovelo do caminho do chão batido depois da porteira o velho pé de jacarandá, e por lapso da imaginação coloquei o pássaro e juro ouço direitinho seu cantar.

Não foi a primeira vez que revive estas cenas, já estou me acostumando disfarçar quando sou pego com olhos úmidos e vermelhos. Chego pensar que tudo foi um sonho, a banana comeu o macaco e não existe mais só na imaginação o lugar transformado, os companheiros são poucos e os que resistiram o tempo passou uma borracha apagou tudo nem me conhece. Não conheço o pintor dessa belezura mas de uma coisa tenho certeza ou viveu ou alguém contou que o paraíso foi ali onde a inspiração escorregou seu pincel e retratou com detalhes o lugar de umas casas onde moravam homens, mulheres e crianças felizes. Noites de insônia, a luz ofuscada do abajur forma uma cortina transparente por detrás vejo o caracol do fumacê saindo da lenha que restou da fogueira molhada do orvalho do terço de ontem a noite que o velho Isidoro devoto de São Sebastião todos anos pede para rezar.

Jova
Enviado por Jova em 09/10/2023
Reeditado em 09/10/2023
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