Homens que magoam
Dizem que a primeira e mais importante relação que as mulheres têm com os homens é a relação com o pai. A partir disso, nós aprendemos o que é o amor.
Meu pai me batia. Meu pai me xingava e gritava comigo. Quebrava as coisas quando ficava com raiva e dizia que era minha culpa.
O primeiro cara que eu amei era mais velho. Não muito. Ele quis mudar meu cabelo e minhas roupas. Ria de mim pelas costas com os amigos.
Foi meu primeiro beijo e eu desejei que nunca tivesse acontecido.
Meu primeiro namorado era de outra cidade e fazia com que eu sentisse culpa de coisas sem sentido.
Tenho certeza que fui traída, mas só tenho a palavra de alguém como prova.
Meu segundo namorado foi um bom namorado na maior parte do tempo. Mas chegou a confraternização de fim de ano e eu fui machucada durante a noite.
Os dois beberam, mas a culpa caiu sobre mim.
Meu terceiro namorado me amou mais do que tudo. Me mimou mais do que qualquer um. Mesmo assim, me atacou por trás.
Me desmoralizou e humilhou no grupinho particular. Me destruiu mais do que qualquer outro.
Meu quarto namorado eu amei demais. Me afoguei em um amor batizado com veneno. A estrutura que eu levei anos para erguer foi derrubada em meses de convivência.
Eu tive um amigo, também, que eu amei demais. E eu só servia quando ele estava solteiro. Houveram promessas sobre permanecer, mas, assim como eu imaginei e declarei a ele, não duraram. A história toda virou uma piada interna.
Eu fui magoada por todos os homens que deixei entrar. Talvez o erro esteja lá atrás, na primeira e mais importante relação. Talvez o erro seja meu por aceitar. Por não enxergar os sinais.
Mas eu vejo o que os homens fazem com as mulheres. E, as vezes, parece que eles gostam.