Sou um órfão que odeia matemática e lê Bukowski
Aluu! Iterluarit kumoorn meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez vem aqui no meu mausoléu literário ler crônicas melancólicas. Ajuungila?
Perder o pai é uma bosta, mesmo após mais de um ano. Você acha que vai tirar de letra, mas é uma situação matemática e tu sempre foi uma negação com os números. É uma subtração com números depois da vírgula e esse tipo de conta tu nunca aprendeu a fazer direito. E a vida vem e te larga equações no colo, dizendo secamente: "Resolve", e ri na tua cara, debochada e impiedosa. "Equações, que bosta, vida!" Odeio matemática, ainda mais agora.
Não sou um cara preparado para equações, nunca fui. Nem para poemas, nunca fui, também. Sou um cronista, brutal como todos os meus pares, e são elas - a crônica e a brutalidade - que me salvam. Escrever para não enlouquecer, como escreveu Bukowski num... poema! Poetas tomam vinho francês, cronistas whisky e cerveja. Matemáticos, acho, só bebem água mineral sem gás fora do gelo. Só por isso ainda prefiro as poetas às matemáticas.
Logo, apaixonava-me pelas professoras de literatura, não pelas de matemática, mesmo que as segundas fossem bem mais gatas que as primeiras. Não há paixão ou tesão que resista a uma Fórmula de Báscara - nem lembro mais como se escreve isso. Não dá pra transar com minas que querem saber exatamente o tamanho do teu pinto, se ele tem 23.5 ou 23.7 centímetros, isso é muito brochante, a torre desaba na hora. As que fazem metáfora, tipo o chamando de "A Grande Lança de Eros", são mais interessantes. Viva a literatura! Todavia, prefiro as que não falam nada.
Logo, se é sobre B, prefiro Bukowski à Báscara. Bukowski era um poeta que bebia vinho barato, whisky e cerveja, então era um poeta-cronista. Eu sou um cronista-cronista, mas leio Bukowski, mesmo ele reclamando num poema que possuía um pinto de "só" 19 centímetros. Cara, que besteira, isso não significa nada, pois se fosse o caso eu não teria perdido a francesa aquela, a Aline, prum cara que tinha o pelido de Japonês, por ter um pintinho. Aprendi que, quanto maior, maior o tombo. Alias, sabiam que os cachorros grandes duram menos que os pequenos? Pois ent~ao.:
Leio para não enlouquecer, mas desconfio que já pirei. Pirei e ainda não sei, mas desconfio. Se tivesse certeza, já estaria convicto de minha doideira, eis que os doidos tem sempre certeza de que vivem no mundo da lua sem precisar de roupa de astronauta.
Ainda não rasgo dinheiro, não como cocô e estico o olho pra nudez de minha esposa. Assim, ainda tenho salvação, mesmo odiando matemática e aturando poesia.
Pai, que bosta, tu não podia ter durado mais um pouco, cara? Esperar eu amadurecer? Bom, mais daí tu teria de viver até eu morrer e já estou ficando calvo e mole - maldita diabetes -, né.
Sou um caso perdido, mas ainda mantenho a sanidade.
Acho.
Vou ler Bukowski que passa.
Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com
(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)
CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores:
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862
GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Ajuungila - Como estão?
Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - Bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.
Nozes - Todos, o plural de nós. Algo assim...
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.
Tuzes - Plural de tu.
Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte