Autossabotagem

Vemos inúmeras expressões que definem o que as pessoas fazem, sentem ou identificam de si mesmas, como autoestima, autoimagem, autoflagelo, automutilação, autossabotagem, todas essas expressões definem uma manifestação do pensamento, da vontade ou do sentimento da própria pessoa.

Manifestações neutras, positivas, negativas, mas todas com um significado tão profundo que jamais poderia ser desvendado em sua totalidade, cada um as sente de forma diferente e cada um as transmite aos outros da pior ou melhor maneira possível.

Como dito e repisado em diversas digressões o ser humano é um ser sociável e como tal tem por necessidade se autointitular, se autoafirmar, para que possa fazer parte de um meio ao qual se auto denomina como partícipe. É auto de mais, não é? Muita manifestação de si mesmo, mas é assim que as coisas são.

Se observarmos as expressões ditas no começo desta digressão veremos que elas se confundem, a autoestima reflete a autoimagem que o ser humano tem de si, o autoflagelo, mutilação ou sabotagem são resultados de atitudes negativas impostas por si mesmo ao corpo físico, mental ou espiritual.

Mas se observarmos mais profundamente veremos que de todas apenas uma reflete a atitude do ser humano de se antever ao que não se sabe se aconteceria e impor uma punição de algo que não existe ou que não existiria se não ocorresse a punição prévia, a autossabotagem.

Nessa manifestação é como se o ser humano fosse incapaz de ser feliz e se pune por isso, se obriga, inconscientemente a ser infeliz, procura a todo momento razões que o leve a crer que o que de bom lhe está acontecendo não vai durar, não vai dar certo, não vai acontecer, com isso se antecipa e estraga tudo.

O relacionamento está ótimo, é motivo suficiente para tomar o relacionamento por incansáveis brigas, brigas essas que depois do término a pessoa não sabe explicar o motivo, parece não fazer sentido.

Consegue a oportunidade de ingressar naquele emprego dos sonhos, razão mais que óbvia para se atrasar, esquecer ou até cometer falhas bobas diante do profissional que irá entrevistá-lo.

Descobre ser portador de uma doença autoimune, a qual só depende dele o tratamento ou a diminuição dos sintomas, razão para exagerar na bebida, comer mal, não praticar exercícios, não tomar os remédios devidos.

Começa a observar resultados positivos na terapia, um certo empoderamento já é motivo para começar a ter comportamentos negativos ou até mesmo abandonar o tratamento.

É muito comum ouvir “Por que estou fazendo isso comigo agora que tudo estava caminhando tão bem?”.

A autossabotagem é muito comum e está presente em nosso dia a dia em ‘menores e maiores graus’. O motivo é diferente para cada pessoa, pois está ligada a história de vida de cada um, por exemplo, se em algum momento da vida algo tiver acontecido que o fez se sentir não merecedor, toda vez que algo muito bom está para acontecer a pessoa inconscientemente se autossabota. Pode estar ligado a sentimentos inconscientes como o medo e a culpa.

Por exemplo, uma pessoa que é a única bem-sucedida da família começa a perder empregos e boas oportunidades ou que teve uma experiência traumática em alguma viagem e ao ganhar uma viagem internacional com tudo pago perde a data de embarque.

Diante disso tudo, o que fazer? O primeiro passo é ter consciência de que várias coisas que acontecem em nossas vidas não são por acaso e que não só conscientemente, mas inconscientemente, também estamos sempre em busca de algo.

A partir daí é passar a observar os próprios comportamentos, quando surgem e se possível identificar qual o sentimento naquele momento. É sempre muito importante dar nome ao que está sentindo.

Lembre-se que a decisão de buscar autoconhecimento é sempre o primeiro grande passo. Quanto mais nos conhecemos, mais fácil fica trabalhar e lidar com sentimentos e comportamentos que influenciam positiva ou negativamente o nosso dia a dia.