A ordem natural da vida
Hoje presenciei o emancipar de mais um filho. Eis um feito extraordinário que merece ser celebrado com alegria. Mas também há espaço para a culpa, como ousou ele cometer esse feito? Tamanha, eu enfatizo, tamanha ingratidão! Em alguns lugares, a dor da indiferença também se faz presente.
Um vínculo umbilical invisível continua a existir mesmo após o corte com uma tesoura cirúrgica. Alguns continuam a se nutrir de restos imundos e devem agradecer pela sustentação da vida. Quanta surpresa ao ver um passarinho seguir seu instinto e alçar voo. Será mais doloroso lançá-lo para fora do ninho do que sufocá-lo com barro?
O grande problema daqueles que constroem suas monótonas existências apoiadas em colunas alheias é que, em algum momento, essas colunas se moverão, derrubando todas as certezas individuais, sem que ninguém seja responsabilizado por tal destruição. Quem poderia imaginar isso!
O aroma de tinta fresca preenche um novo ambiente, desta vez mais agradável do que os destilados baratos e a fumaça sufocante. Chegará um momento em que os berros se calarão e o blues será ouvido.