Queria eu...
Queria eu, no escuro do quarto
com os olhos fechados
falar a linguagem do coração
da forma que a compreensão fosse exata
que não precisasse de confirmação
nem explicação
e nem detalhar palavras
O amor seria a tradução
Queria eu,
não precisar gritar pelo entendimento
porque o maior sentimento
seria o toque do meu coração
os batimentos seriam a leitura
e o sorriso a confirmação em braile
que fui lida
compreendida
e bem interpretada
Queria eu o dom de ouvir
o de sentir
o de falar
o de fazer alguém me entender até no silencio das minhas palavras
ter a certeza de quem sou
não existiria eco que desviasse a certeza do que é
Nunca seria capaz de magoar uma ferida
Até porque sei a dor que é sangrar novamente no mesmo local
Queria eu, que no escuro do quarto
que minhas palavras fossem ouvidas
no timbre da sanidade
não fossem distorcidas
nem mal interpretadas
e nem condenadas pela comunicação falhada
meu coração diz mais do que escutam
porque em mim se não conseguem ler a verdade
é só aprender a comunicar-se com o coração