PROFESSOR FASCISTA?

PROFESSOR FASCISTA?

A União Nacional dos Estudantes (UNE), os Diretórios Estaduais dos Estudantes (DEE) e os Diretórios Centrais de Estudantes (DCE), geralmente estão inseridos com mais força e representatividade nas instituições públicas de ensino. Mas entra ano e sai ano, a sopa é exatamente a mesma. Só mudam as moscas que caem no caldo dessas entidades.

A representatividade dos estudantes é e sempre será fundamental à Democracia. Disse em uma canção a imortal cantante chilena, Violeta Parra:

Me gustan los estudiantes

Que rugen como los vientos

Cuando les meten al oído

Sotanas y regimientos

Pajarillos libertarios

Igual que los elementos

Caramba y zamba la cosa

¡Qué vivan lo 'experimento'!

Eu nada tenho contra o Movimento Estudantil. Muito pelo contrário! Eu participei ativamente de Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos, nos anos de 1970 e depois na primeira década do século 21. Apanhei de polícia, fiz greve, estava na Praça da Sé no Movimento das Diretas Já...

Enquanto professor, nunca neguei apoio e incentivo aos meus alunos. Participar ativamente de atividades sociais e políticas, o debater democrático nas escolas, nas faculdades e universidades. Tudo isso é saudável, faz bem a todos. Academia, a sociedade, todos colhem benefícios. O que sou contra é o aparelhamento das instituições, em todos os níveis; o engessamento da forma do livre pensar, que deve ser o escopo principal da Igreja da Razão.

Ninguém é obrigado a gostar do vermelho. Ou do branco. Dessa forma é que compomos o espectro político, a regência e a essência da Política (com P maiúsculo). E construímos uma sociedade mais justa, sem radicalismos ou ditaduras de esquerda ou direita.

O que foi noticiado pela imprensa e outros meios de comunicação, em princípio, foi terrível: um professor da conceituadíssima UNICAMP, na cidade de Campinas, SP – agrediu fisicamente um aluno e diretor do DCE local, utilizando-se de gás pimenta e até mesmo uma faca!

Peço ao leitor que pare a cena, e faça como o Keanu Reeves no filme Matrix. Retroceda o filme, coloque em câmera lenta e analise cuidadosamente todo o contexto. Caso de dúvida, chame o VAR.

Qual era a pauta reivindicada pela estudantada? Privatização do metrô (da cidade de São Paulo, pois Campinas não tem metrô), privatização da SABESP (em Campinas é a empresa SANASA que é responsável pela água e esgoto, e que nada tem a ver com Sabesp), pautas reivindicatórias do STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, mas é contraditório o professor ser também funcionário da universidade, e nenhum funcionário estava presente na solicitação do movimento paradista). Por aí vai. Qualquer dos itens pautados pelo DCE afeta diretamente a comunidade estudantil da UNICAMP, apenas serve para arregimentar à força a massa de manobra composta por alunos regulares, para satisfazerem os interesses político-partidários que representam e de forma dissimulada, escondem.

Igual a décadas atrás, quem estava encabeçando a ação invasiva à sala de aula? Diretores do DCE, da Universidade.

Absolutamente justifico a reação do ser humano, professor, que realmente perdeu a cabeça. Mas imagens em vídeo posteriores mostram aqueles estudantes do DCE, chamando o docente de “Fascista”! Será?

Engraçado, é a mesma expressão utilizada na data de hoje por certa Deputada Federal da Esquerda Radical, quando se refere à tragédia, o assassinato dos médicos na cidade do Rio de Janeiro. Fascistas, disse ela, foram os responsáveis pela execução horrenda. Será?

Narciso acha feio o que não é espelho, poetou Caetano Veloso.

Mais provável que o estudante e a Deputada Federal rezem pela mesma cartilha marxista. Se não, mordo a minha língua e aceito ser chamado igualmente de fascista, apesar de democrata convicto.