Pé de amora da infância
A fruta da infância, deixava os lábios da menina, arroxeados, como se ela tivesse passado batom. Sentia-se mais adulta, parecida com a irmã mais velha, que já se maquiava. Corria para o espelho, e se admirava. Quando os lábios não estavam como ela imaginava, passava mais amora sobre os lábios e com a língua, fazia o contorno, e ingeria a sobra doce da fruta.
O menino, que morava ao lado, sempre acompanhava o crescimento da adolescente. Às vezes, ela também passava a polpa da amora nas bochechas deixando a pele branca do rosto, um pouco rosada.
Uma vez, quando os dois estavam debaixo da amoreira, se deliciando da doçura da fruta, ele disse: — Seus lábios estão tão roxos, se você beijar os meus, eles também ficarão roxos!
Ela sem titubear, aproximou-se do menino e beijou-lhe. Foi o primeiro de uma série de beijos.
Hoje, comemorando bodas de prata, eles lembram dessa passagem da infância, enquanto se deliciam com a geleia de amora, musse de amora e um delicioso bolo de amora que dividem com os netos debaixo do frondoso pé de amora.
“Você gosta de amora? Pergunta o avô para a netinha.
Vou contar ao seu pai que você namora. ”