Sociedade Mascarada
Eric do Vale
Como é possível uma pessoa ser favorável ao assassinato de seu semelhante, independente de quem seja? Ainda que a nossa Lei Maior se norteie pela democracia e seja conveniente com a liberdade de expressão, torna-se inaceitável, para os dias de hoje, que essa nossa sociedade manifeste pensamentos que violam princípios constitucionais, como o da dignidade da pessoa humana.
Atualmente, torna-se um absurdo imaginar a crescente quantidade de indivíduos que compactuem com um ponto de vista, feito esse, que vá contra os direitos do cidadão, previsto no artigo 5° da Constituição Federal.
É impossível ficar em silêncio, quando se ouve frases do tipo: " Quem mandou engravidar? Por isso deve receber menos, no trabalho!". Tão pouco, comentários do tipo: "O filho é gay, porque não levou uma surra para aprender a ser gente! ". E pasmem: há quem afirme que o maior erro da Ditadura Militar foi torturar ao invés de matar os oponentes desse regime político. Tudo isso me leva a continuar batendo nessa mesma tecla, tomando como base a nossa Constituição Federal.
Que fique claro o seguinte: tais questionamentos por mim levantados não possuem nenhuma finalidade política; mas sim moral. E quando faço uso da palavra "moral", por favor, entendam que não é, e jamais foi, a minha pretensão de fazer as vezes de paladino dos "Bons Costumes".
A minha humilde intenção é sim divergir dessas pessoas que aderem a esse tipo de pensamento, na medida em que vestem a armadura de "cavaleiros da boa moral".
Outro dia, por exemplo, alguém falou que foi visitar uma parente e ao saber que esse tinha um filho homossexual, começou a criticá-lo dando-lhe uma aula de catecismo misturada com moral cívica. Se, para essa senhora, é tão constrangedor ter um filho gay, o que dizer, então, de um filho com péssimos antecedentes criminais, como vem a ser o caso dela?
Isso não chega a ser espantoso, considerando que a nossa sociedade está repleta de pessoas as quais não fazem ideia alguma da existência da palavra cidadania e, mesmo assim, se acham no direito de se arvorarem no papel de "pessoas de bem" sob a égide de "Deus , Patria e Família", na medida em que escondem as suas sujeiras por debaixo do tapete.